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Segmento pet cresce no setor supermercadista

Mercado pet brasileiro deve alcançar faturamento de R$ 76,3 bilhões em 2024 e o canal varejo alimentar representa 7,2% deste montante, segundo dados de projeção feita Abinpet/Instituto Pet Brasil

De Edevaldo Figueiredo
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Por Adriana Silvestrini

Quem não tem um animal de estimação em casa, certamente tem alguém próximo que cria os pets como se fossem membros da família. Atualmente eles totalizam 160,9 milhões no Brasil. De acordo com o presidente-executivo do Instituto Pet Brasil, Caio Villela, as principais espécies criadas no País, e que entram nas estatísticas do setor são, na ordem de quantidade de animais: os cães (62,2 milhões), aves ornamentais (42,8 milhões), gatos (30,8 milhões), peixes ornamentais (22,3 milhões) e répteis e pequenos mamíferos (2,8 milhões).

“Os dados apontam que a cada residência brasileira existe, estatisticamente, em média 1,6 pet. Ou seja, mais de um animal de estimação para cada lar brasileiro”, explica Villela. Os números são baseados nas informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e levantamentos da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Ainda segundo Caio Villela, as famílias estão cada vez mais reconhecendo os benefícios que a convivência com um pet traz para a saúde mental e a harmonia do lar. “Eles se tornam membros da família, o que aumenta a disposição das famílias em investir em produtos e serviços de alta qualidade para o bem-estar de seus animais. Isso inclui desde alimentação até cuidados médicos e produtos de higiene especializados”, afirma o executivo do Instituto Pet Brasil.

Portanto, além da troca de afeto e de companheirismo com seus donos, os animais também proporcionam bons negócios, inclusive para os supermercadistas. A Abinpet, junto com o Instituto Pet Brasil, indica um ano positivo para o setor. As projeções das entidades apontam que o mercado pet brasileiro chegará a um faturamento de R$ 76,3 bilhões em 2024.

A pesquisa ainda mostra que os pequenos e médios pet shops, os populares “pet shops da vizinhança”, representam metade do faturamento dos canais de acesso e o comércio eletrônico se consolida como o que mais cresce. Entre os canais de acesso, o canal varejo alimentar está em sexto lugar, com faturamento de R$ 5,52 bilhões e com 7,2% de representação do faturamento total do segmento.

No levantamento feito de janeiro a março de 2024, o faturamento do segmento de Pet Food, que é a venda de alimentos industrializados para animais de estimação, foi de R$ 41,7 bilhões (54,7% do total do setor). Esse valor corresponde a mais da metade do mercado. Com relação aos pet shops, os pequenos e médios são os estabelecimentos que concentram a maior parte da movimentação, representando 48,7% do faturamento ou R$ 37,2 bilhões. Em seguida estão as clínicas e hospitais veterinários, com 18% ou R$ 13,7 bilhões. Em terceiro lugar estão os pet shops considerados megastore, com 9,4% do faturamento, ou R$ 7,1 bilhões.

Caio Villela explica que pequenas e médias lojas de produtos para animais de estimação têm uma presença local forte e são altamente eficientes em atender os consumidores. Eles oferecem um atendimento personalizado e conhecem bem as necessidades dos clientes e de seus animais, criando uma relação de confiança que é difícil de replicar em grandes redes de supermercados. “Embora supermercados e hipermercados tenham aumentado a sua oferta de produtos para animais de estimação, ainda estão construindo suas reputações e adaptando suas operações para competir com pet shops já estabelecidos. Entendemos que o investimento e a expansão nesse segmento são recentes e, portanto, ainda em fase de crescimento e consolidação”, ressalta Villela.

Vendas on-line

De acordo com a pesquisa da Abinpet, dentro do segmento de e-commerce, o varejo especializado também é o segmento que mais vende. Os pet shops virtuais representam 40,6% do faturamento das vendas on-line, ou R$ 2,4 bilhões, seguidos pelas lojas virtuais das megastores (26,8% ou R$ 1,6 bilhão) e lojas virtuais de pequenos e médios pet shops, com 21,5%, o equivalente a R$ 1,3 bilhão.

“Os brasileiros aprovaram a comodidade da compra on-line e, hoje, o hábito é algo corriqueiro, principalmente nos grandes centros. Os consumidores também aproveitam esses canais para promoções exclusivas e facilidades como assinaturas de produtos. Assim, quando o pet food está acabando, ele sabe que já existe uma entrega agendada”, explica Caio Villela.

Experiências da Covabra e Pague Menos

De acordo com a gerente de compras do setor de bazar da rede Covabra Supermercados, Fabiana Prata, o setor de Pet da rede é consolidado há muitos anos e a demanda por produtos pet cresce a cada ano. “No último ano registramos 30% de aumento nas vendas quando comparado ao ano anterior. “Temos mais de 160 itens para cachorro e outros 110 para gato. Além de produtos para tartaruga, porquinho da Índia, hamster, peixe e aves”, detalha Prata.

A rede ainda oferece diversidade em itens de alimentação, higiene, além de brinquedos para os pets. “Preparamos promoções exclusivas, principalmente para quem faz parte do nosso programa de fidelidade gratuito, o Cliente Bem-Estar”, pontua a gerente da Covabra Supermercados.

A rede paulista Supermercados Pague Menos vende produtos para pets em suas lojas desde quando começou suas atividades no setor varejista. Porém, o gerente comercial dos Supermercados Pague Menos, Ricardo Franco, ressalta que neste ano notou-se uma procura maior no segmento pet, localizado próximo ao setor de Bazar. “Um dos motivos desse crescimento foi constatado após realizarmos ações junto às indústrias e também uma melhoria significativa nos abastecimentos das lojas, onde são vendidos alimentos, higiene/limpeza e acessórios para cães, gatos e pássaros”, explica Franco.

O executivo ainda comenta que a melhor exposição dos produtos para pets é em terminais e pontos extras, quando há ações específicas, além de um abastecimento correto no ponto natural. De acordo com Franco, a varejista faz com frequência ações com as indústrias, no calendário há Festival Pet e no Circuito de Corridas Pague Menos há etapas com caminhada pet friendly. “Para o setor, nossos planos estão voltados para o aumento da participação em vendas, além de fomentar a categoria nos canais de e-commerce, CRM e calendário promocional”, revela Ricardo Franco.

Investimentos da indústria

Segundo pesquisa da Abinpet, os segmentos de indústria de produtos para animais de estimação devem encerrar 2024 com um crescimento médio de 12,8% em relação a 2023. O faturamento do Pet Food, Pet Care e Pet Vet deve superar os R$ 54 bilhões e representam cerca de 70% de todo o mercado. “Sem grandes variações no preço das commodities, mantém-se o crescimento sólido dos mercados Pet Vet e Pet Care, além da demanda constante da cadeia de varejo em relação ao Pet Food. Isso demonstra que os consumidores têm procurado os produtos da indústria pet e se preocupam em oferecer além do alimento completo de qualidade, produtos que garantem higiene, saúde e bem-estar para seus pets”, comenta o presidente-executivo da Abinpet, José Edson Galvão de França.

Demanda crescente

Há mais de 30 anos atuando no segmento, a Brazilian Pet Foods comprova que atender à crescente demanda do mercado de alimentos para animais de estimação no Brasil é um bom negócio. O diretor comercial da Brazilian Pet Foods, José Marcos Viudes Calsavara, compartilha que a empresa tem em seu portfólio mais de 28 marcas e mais de 500 itens, voltados principalmente para alimentação de cães e gatos. Entre as marcas vendidas em supermercados estão a Foster Original, a Snow Dog e a Snow Cat Premium, que oferece uma opção natural. Ainda tem a Good Friends que traz em seu cardápio as frutas amarelas e a Canister com um leque variado de sabores.

De acordo com Calsavara, para este ano a companhia planeja lançar novos produtos que atendam as demandas específicas do segmento, aumentar a presença em pontos de venda estratégicos e fortalecer parcerias com grandes redes de supermercados e distribuidores. Além disso, investir em tecnologia para melhorar a logística e garantir uma distribuição mais eficiente. “Prevemos um aumento de vendas de mais de 15% este ano em relação ao ano passado no canal supermercadista. Este crescimento será impulsionado por nossa expansão em novas regiões, lançamento e aprimoramento de novos produtos, intensificação de nossas campanhas de marketing e promoções em parceria com varejistas”, revela José Marcos Viudes Calsavara.

Importância dos pets

De olho neste segmento promissor, a BRF Pet nasceu como unidade de negócios da BRF S.A. – uma das maiores empresas de alimentos do mundo – em 2018 e, em pouco tempo, se tornou uma das líderes do mercado de nutrição para cães e gatos.  De acordo com o head de marketing da BRF Pet, Denis Nakashima, a unidade de nutrição pet é, atualmente, uma das maiores em faturamento no Brasil, considerando o segmento de Pet Food, com atuação em todos os canais de vendas, incluindo o autosserviço, estando presente em supermercadistas de diferentes portes e perfis. “Estamos também em mais de 20 países, incluindo Américas e Ásia, e temos um dos portfólios mais completos para cães e gatos: alimentos secos (em todos os segmentos, desde o Standard ao Super Premium Natural), alimentos úmidos, além de snacks e suplementos alimentares. Atualmente, produzimos marcas referência de mercado, como Biofresh, Guabi Natural, GranPlus e Balance. Acreditamos que os pets são parte importante das famílias e trabalhamos para proporcionar vida melhor para pets e seus tutores”, explica o executivo.

Nakashima explica que os alimentos secos são os mais procurados nas lojas do canal de varejo alimentar para o objetivo de compra de abastecimento. “Porém, vemos uma grande evolução na busca por alimentos úmidos, que fazem sucesso no paladar dos pets. É uma forma saudável e saborosa de alimentar os cães e gatos de maneira acessível, pois cada sachê pode custar menos de R$3,00 e são ofertados com uma ampla diversidade de sabores, ajudando o tutor a variar as refeições do pet, seja oferecendo o alimento úmido puro ou misturado ao alimento seco”, pontua.

Dicas de exposição

  • Expor os produtos de pet na seção do Bazar ou próximo dela.
  • Fazer montagem de ilhas com sacos grandes de ração nos corredores da loja ou apostar em pontas de gôndola com os pacotes menores e alimentos úmidos.
  • Para aumentar o tíquete médio, exponha os alimentos úmidos próximos ao check-out, estimulando a lembrança do tutor a levar um alimento saudável e saboroso para seu pet também.
  • Tutores têm examinado cada vez mais os produtos, rótulos e listas de ingredientes em alimentos para animais de estimação. Pensando nisso, reforce a comunicação nas embalagens dos produtos, destacando as características dos mesmos.
  • Invista em datas especiais, como o Dia Mundial dos Animais (4 de outubro), por exemplo, para trabalhar campanhas específicas voltadas para os pets, trazendo maior visibilidade para a categoria tanto em comunicação quanto em ações promocionais que alavanquem as vendas.

Fonte: BRF Pet

Mercado mundial

O mercado pet mundial cresceu 7,4% em 2023 em relação a 2022, chegando a US$ 180,8 bilhões. O Brasil atualmente se consolida no terceiro lugar no quesito faturamento, representando 5,54% dos US$ 180 bilhões, atrás somente de Estados Unidos (44,9%) e China (8,45%). Atrás do Brasil estão Reino Unido (4,11%); Alemanha (3,87%); Canadá (3,75%), França (3,6%), Japão (3,37%), Rússia (2,48%) e Itália (2,48%).

Fonte: Abinpet/Instituto Pet Brasil

Lições para o varejo

  • Os consumidores que frequentam supermercados tendem a fazer compras mais generalistas e, frequentemente, buscam conveniência e preço. Isso pode limitar a percepção de variedade e especialização que os pet shops oferecem.
  • É esperado que, com o tempo, o varejo alimentar continue a expandir e melhorar suas ofertas no segmento pet. Mas vale comentar que o crescimento desse segmento no varejo alimentar dependerá de sua capacidade de criar experiências de compra.
  • Uma das maiores vantagens dos pet shops é o atendimento personalizado e a expertise dos funcionários. Esses estabelecimentos contam com profissionais bem treinados que podem oferecer conselhos especializados sobre nutrição, saúde e cuidados gerais com os pets. Portanto, acredito que as lojas de varejo alimentar possam investir em treinamento para seus funcionários, capacitando-os a fornecer informações úteis e orientações personalizadas aos clientes.

Fonte: Caio Villela, presidente-executivo do Instituto Pet Brasil.

O que o supermercadista NÃO deve fazer

  • Deixar a categoria de pet muito apertada, com um mix pequeno de produtos. Sabemos que o espaço da loja é limitado, mas o consumidor deste canal também busca variedade de opções. Mesmo com espaços pequenos, é possível fazer uma boa execução, usando materiais de PDV que orientem o consumidor na sua escolha.
  • Há algo que no segmento de pet food é essencial: a segurança alimentar. Existe uma prática informal de furar os sacos de ração para acomodá-los mais facilmente nas prateleiras e no estoque, o que causa um problema de segurança alimentar. O furo na embalagem permite a entrada de insetos, que podem se proliferar dentro do saco sem que o consumidor perceba no momento da compra. Uma compra de um produto infestado é muito frustrante para o tutor e isso acontece principalmente devido ao manuseio errado no PDV. É um desgaste para todas as partes: tutor, varejista e indústria. Por isso, temos trabalhado junto a operadores logísticos, clientes e parceiros para combatermos esta prática e garantir um alimento seguro em toda a cadeia.

Fonte: BRF Pet

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Publicação oficial da  Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS)

SuperHiper é a publicação oficial do setor supermercadista, produzida pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) há 48 anos. É uma importante ferramenta utilizada pela entidade para compartilhar informações e conhecimento com todas as empresas do autosserviço nacional, prática totalmente alinhada à sua missão de representar e desenvolver os supermercados brasileiros.

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