Por Renato Müller
O varejo também tem uma função social, seja como ponto de encontro da comunidade, como primeiro emprego para jovens ou mesmo como uma oportunidade de ter uma segunda chance na vida. No Reino Unido, a rede de supermercados Iceland levou esse conceito muito a sério: a empresa desenvolveu o programa Second Chance para colocar ex-presidiários no mercado de trabalho.
Desde o primeiro semestre do ano passado, a empresa contratou mais de 330 ex-detentos, tanto como operadores em funções básicas no chão de loja quanto como motoristas para o delivery de pedidos. Tudo começou com a contratação de Paul Cowley como Diretor de Reabilitação, em 2022. Ele mesmo um ex-presidiário que entende bem a dificuldade de encontrar oportunidades depois de condenações.
Desde o início do programa, Cowley visitou quase 100 presídios para entrevistar mais de 800 pessoas. Aqueles elegíveis para contratação pela Iceland incluem pessoas que serão soltas nos próximos 6 meses, não cometeram crimes sexuais e nem se envolveram em terrorismo, homicídio ou incêndios criminosos.
“São pessoas que têm sido uma adição brilhante à nossa equipe. Alguns deles já foram promovidos e receberam prêmios pela sua dedicação e trabalho duro”, comenta Cowley. Procurando ampliar o alcance do programa Second Chance, a Iceland enviou uma carta ao governo britânico com um “mapa” de seu modelo de reabilitação e os resultados obtidos até agora. O objetivo é encorajar outros negócios a incorporar ex-detentos à sua força de trabalho e dar oportunidade a quem tem muita dificuldade de se recolocar.
“Ajudar ex-detentos a voltar a trabalhar é uma forma comprovada de reduzir a criminalidade. Temos orgulho de ajudar na reabilitação e em oferecer segurança financeira para quem sai da prisão, com um emprego significativo que beneficia toda a sociedade”, disse Richard Walker, presidente executivo da Iceland.