Bank of America reafirma recomendação de venda e o preço-alvo da ação da companhia é de R$ 15
A Ambev perdeu fatia de mercado, passando de 69% em 2005 para 56% em 2018, tendo recuperado espaço nos últimos dois anos e voltou para o patamar de 60% —
O Bank of America (BofA) afirmou que vê uma perspectiva difícil para a Ambev, dados os custos em alta e a competição mais acirrada com as marcas rivais Petrópolis e Heineken, que podem levar a uma queda nas margens de longo prazo da cervejeira.
O banco reafirmou a recomendação de venda e o preço-alvo de R$ 15 da ação da Ambev.
“Os investimentos de R$ 4 bilhões de Petrópolis e Heineken podem aumentar sua capacidade combinada em mais de 30% em relação a 2019, enquanto a demanda deve ficar bem abaixo desse ritmo, em torno de 3% ao ano até 2023, resultando em uma maior competição e menor lucratividade para os participantes”, aponta o relatório.
O BofA afirmou ter observado, nos últimos 13 anos, a Ambev perdendo espaço no mercado de cerveja, estimando que a gigante passou de 69% do mercado em 2005 para 56% em 2018. A empresa recuperou espaço nos últimos dois anos e voltou para o patamar de 60%, com novos produtos como Brahma Duplo Malte na liderança e concorrentes enfrentando problemas operacionais.
“A Petrópolis é de longe a empresa que mais cresce entre as cervejarias. A empresa produzia 1,4 bilhão de litros em 2011, menos da metade dos 3 bilhões de litros registrados em 2020”, aponta o relatório.
A empresa anunciou uma ampliação em duas fases de sua unidade de Uberaba, o que deve permitir aumentar a capacidade para 4,7 bilhões de litros, frente à capacidade instalada de 3,6 bilhões de litros em 2020. O BofA estima que o mercado total de cerveja em 2020 era de 14 bilhões de litros, dos quais Petrópolis tinha entre 15% a 20% de participação.
A Heineken, por sua vez, anunciou investimento de R$ 1,8 bilhão em uma nova fábrica na cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, com conclusão prevista para o final de 2022.
“Estimamos que esta instalação possa ser semelhante em tamanho à do Paraná, que vai ficar com capacidade de 1 bilhão de litros, quando a Heineken inaugurar a ampliação do brownfield em Ponta Grossa (PR) de 300 milhões de litros, que vão se somar aos atuais volumes estimados de 3,2 bilhões de litros”, diz.
Por outro lado, o BofA espera que a Heineken opere com uma capacidade ociosa menor do que a Petrópolis, já que a empresa recentemente apontou o fato de que não foi capaz de aumentar os volumes em 2020 devido a restrições de capacidade.
Dito isso, o banco projeta que a Heineken produza 3,5 bilhões de litros em 2023 no Brasil, 40% do volume esperado da AmBev.
Por fim, o Bank of America lembra que já se passaram nove anos desde que o consumo per capita (PCC) de cerveja atingiu o pico de 270 ml por dia em 2012.
“Em 2020, estimamos que o PCC totalizou 250 ml, 6% abaixo da máxima. À medida que o PIB se recupera e a receita começa a crescer novamente, esperamos que o PCC cresça 3% ao ano nos próximos três anos, o que deve ajudar a demanda a totalizar 15,9 bilhões de litros, ainda cerca de 500 milhões de litros abaixo da produção potencial combinada da AmBev, Petrópolis e Heineken, se eles aumentarem totalmente a capacidade em quatro anos. Esse número poderia ser maior se adicionássemos as empresas regionais ao cálculo”, finaliza.
Por Allan Ravagnani, Valor