Por André Faria, CEO da Bluesoft
Como CEO da Bluesoft, tenho acompanhado uma transformação clara no varejo: empresas que integram Inteligência Artificial ao ERP reduzem perdas mais rapidamente e crescem com maior previsibilidade. Não se trata apenas de uma tendência tecnológica, mas de uma necessidade estratégica para manter a competitividade em um mercado cada vez mais desafiador.
As perdas no varejo continuam sendo um problema crítico. De acordo com a Pesquisa de Eficiência Operacional 2025 da ABRAS, a quebra operacional é a maior causa de perdas, respondendo por 68% do total da ineficiência. Ela é seguida pelo desvio operacional (que inclui furtos) com 21% e por perdas administrativas com 11%. No varejo supermercadista, esse cenário é agravado por fatores operacionais como prazo de validade (37% das quebras), produtos impróprios para o consumo (28%) e produtos avariados (24%). A mensagem é clara: sem dados unificados e IA atuando em tempo real, a prevenção continua sendo reativa.
Onde as perdas se concentram e por que a IA é decisiva
Os grandes vetores de perda no varejo, como aponta a ABRAS, se concentram em três áreas estratégicas do varejo: a quebra operacional, o desvio operacional e a área administrativa. O que torna a IA decisiva nesse contexto é sua capacidade de atuar de forma preditiva, cruzando dados de vendas, estoque, comportamento e até imagens em tempo real para antecipar riscos e ajustar processos antes do problema acontecer.
Enquanto métodos tradicionais de prevenção de perdas são essencialmente reativos, ou seja, identificando os problemas após sua ocorrência, a IA permite uma abordagem preventiva. Ela analisa padrões históricos, detecta anomalias comportamentais e identifica situações de risco em tempo real, permitindo ações imediatas do varejista e permitindo que ele preveja os riscos.
A diferença prática é significativa: em vez de descobrir um problema de estoque durante o inventário mensal, a IA pode alertar sobre discrepâncias no momento em que ocorrem, trazendo agilidade para o varejista e diminuindo seus índices de perda.
O que muda quando a IA está dentro do ERP e não “ao lado”
A integração nativa da IA ao ERP representa uma mudança fundamental na forma como os varejistas operam. Imagine abrir seu sistema de gestão e conseguir insights em minutos, sobre quais itens têm maior probabilidade de gerar perdas nos próximos dias, parece algo distante do dia a dia do varejista, correto?
Mas, quando a IA estar integrada ao ERP, como é o caso do Bluesoft AI, ela se torna um verdadeiro copiloto do varejista. As LLMs (Large Language Models) aprendem continuamente com o histórico de entradas, saídas, pedidos e inventários, conseguindo antecipar quebras e sugerir ações específicas como rebaixar preços de itens próximos ao vencimento, ajustar parâmetros de reposição, etc.
O que devo me preocupar ao utilizar os dados do meu negócio na IA?
A implementação de IA na prevenção de perdas levanta questões legítimas sobre segurança e privacidade dos dados. É fundamental adotar uma abordagem responsável que equilibre eficiência operacional com proteção de informações sensíveis.
Primeiro, a governança de dados é essencial. Toda implementação deve seguir rigorosamente a LGPD e outras regulamentações aplicáveis, garantindo que dados pessoais sejam tratados adequadamente e que a privacidade dos clientes e funcionários seja preservada.
Segundo, a escolha da arquitetura tecnológica importa. Workflows modernos de IA utilizam microsserviços de visão computacional e aprendizado ativo para reconhecer produtos e gerar alertas, permitindo escalabilidade para centenas de milhares de SKUs sem comprometer a segurança.
A Bluesoft, por exemplo, opera com um ERP 100% web e que conta com a infraestrutura da AWS, o que proporciona a base ideal para ter uma IA nativa com alta disponibilidade e insights em tempo real, respeitando a privacidade dos dados do varejista e garantindo que eles não serão utilizados para treinamento do LLM.
Terceiro, transparência e controle são fundamentais. Os gestores devem compreender como a IA toma decisões e manter controle sobre os processos automatizados. A IA deve atuar como um copiloto, amplificando a capacidade humana de análise e decisão, não substituindo o julgamento profissional.
Por fim, é crucial estabelecer métricas claras de ROI e monitoramento contínuo dos resultados, garantindo que a tecnologia esteja verdadeiramente contribuindo para a redução de perdas e gerando uma melhoria da eficiência operacional.
Conclusão
A melhor defesa contra perdas é um ERP que pensa junto com você. Com IA integrada, transformamos dados dispersos em decisões rápidas e acionáveis, atacamos as causas-raiz dos problemas e preservamos margem agora, não apenas no próximo inventário.
A IA não vai substituir os profissionais de prevenção de perdas, ela vai potencializar sua produtividade e facilitar o trabalho em ações que antes eram manuais e demoradas. É assim que o varejista se mantém um passo à frente da concorrência: com controle absoluto, decisões baseadas em dados e tecnologia que trabalha 24 horas por dia para proteger o seu negócio.
O futuro da prevenção de perdas já chegou. A questão não é mais se a IA será adotada, mas quão rapidamente as empresas conseguirão integrar essas soluções de forma estratégica e responsável em suas operações.