Home SeçõesConsumidor Endividamento das famílias cai, mas inadimplência aumenta

Endividamento das famílias cai, mas inadimplência aumenta

Resultados tendem a refletir efeito das bets sobre pessoas da classe média, revela pesquisa da CNC

De Edevaldo Figueiredo
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O endividamento apresentou em setembro a terceira queda consecutiva, porém com as famílias aumentando as dívidas em atraso e piorando condições de pagá-las. Aquelas com maior renda, assim como o público masculino, foram as mais afetadas. É o que revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC). No caso específico da classe média, uma explicação para esses movimentos contrários, é a possibilidade de os recursos não utilizados no crédito estarem sendo direcionados para apostas em cassinos on-line, que muitos vendem como investimentos, mas acabam gerando grandes perdas para seus usuários, alertou o material.

O percentual de famílias, que relataram ter dívidas a vencer (cartão de crédito, cheque especial, carnê de lojas, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa) recuou para 77,2%. Trata-se de um resultado inferior a agosto deste ano (78%) e a setembro de 2023 (77,4%). Trata-se do terceiro recuo o que confirma a maior cautela das famílias com o crédito.

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A parcela das pessoas, que se consideram “muito endividadas”, também diminuiu, representando 16,3%, o nível mais baixo desde dezembro de 2021. E fatia, daquelas que “não têm dívidas desse tipo” avançou para 22,7%, o maior percentual desde novembro de 2023.

Contudo, mesmo com menor endividamento, houve crescimento no percentual de famílias com dívidas em atraso: o primeiro, após três meses de estabilidade, para 29%. O percentual de famílias, que não terão condições de pagar as dívidas em atraso, aumentou em maior intensidade para 12,4%.

A parcela de famílias, com dívidas em atraso por mais de 90 dias, continuou tendo incremento em relação ao mês anterior, chegando a 50,03% do total de endividados em setembro deste ano. Trata-se do maior percentual desde fevereiro de 2018. Isso mostra que, além de ter tido aumento do nível de contas pendentes, esses atrasos estão permanecendo por mais tempo. Isso porque o aumento nas taxas de juros leva a um encarecimento das dívidas.

A fatia dos consumidores, que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas, continuou a apresentar alta, atingindo 20,4%. Esse é o maior patamar desde junho de 2024. O percentual médio de comprometimento da renda com dívidas foi de 29,7% em setembro, ligeiramente maior em relação a agosto. Isso revela que as dívidas estão representando um percentual cada vez maior da renda das famílias.

Febraban

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) estuda propor ao governo a criação de uma força-tarefa para avaliar o impacto das apostas virtuais sobre a renda das famílias. O grupo teria a participação de representantes do governo, do setor produtivo e das instituições financeiras.

“Estamos cogitando propor ao governo a criação de uma força-tarefa multigovernamental, multissetorial para aprofundar os impactos da atividade das bets no Brasil. É importante que se tenha um diagnóstico preciso. Essa força-tarefa poderia, para além do Ministério da Fazenda, contemplar outros órgãos governamentais que cuidam da defesa do consumidor, da prevenção à lavagem de dinheiro e de benefícios sociais, como Bolsa Família”, disse o presidente da Febraban, Isaac Sidney, que se reuniu na última quarta-feira (2), com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Pix

O presidente da Febraban repetiu declarações recentes em que defende a suspensão do Pix como meio de pagamento das apostas ou a imposição de limites nos repasses dos apostadores para as bets. Segundo o presidente da Febraban, a proibição seria temporária, até que a regulamentação definitiva das apostas virtuais entre em vigor, em janeiro.

Embora oficialmente a Febraban afirme que a proposta de proibir as transferências Pix para as bets seja uma opinião pessoal do presidente da entidade, Sidney afirmou que a proposta foi discutida pelo menos três vezes entre os bancos.

“Isso [a restrição para o Pix] já acontece. No período noturno, por exemplo, das 20h às 6h. Mas o foco aqui é encontrar caminhos para evitar a deterioração do nível de endividamento das famílias”, justificou o presidente da Febraban.

Quase todos os pagamentos de apostas eletrônicas são feitos por Pix. Mas as estimativas variam. A Abecs calcula em 99% a predominância da modalidade nas apostas virtuais. Na semana passada, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, estimou em 85% a 90%. Em entrevista recente à Agência Brasil, o secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena, projeta em 95% o uso do Pix nos repasses dos apostadores.

Fontes: CNC/ Agência Brasil

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