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Assaí lucra no 3º tri, mas sente o peso da inflação

De Administrador SH
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Grupo bateu o rival Atacadão em crescimento, mas identificou notável movimento de trade down em suas lojas 

Num ritmo frenético de expansão de lojas, o Assaí acaba de divulgar um terceiro trimestre de faturamento recorde, batendo o rival Atacadão em crescimento de vendas mesmo com uma inflação persistente que vem mudando o comportamento do consumidor para pior.

Separado do Grupo Pão de Açúcar (GPA) no início do ano, o Assaí reportou um faturamento de R$ 10,8 bilhões no terceiro trimestre, um salto de 17,5% na comparação anual. O crescimento foi puxado pelas aberturas de unidades, mas as vendas no conceito mesmas lojas mostram a resiliência da rede, com um aumento de 4,5% — no Atacadão, o mesmo recorte indicou um incremento de 2,7%.

“O resultado está acima do que o mercado estava esperando”, disse Belmiro Gomes, o CEO da Assaí, em entrevista ao Pipeline. Mas nem tudo são flores. A inflação já vem tirando pontos de um crescimento que poderia ser ainda maior.

No Nordeste, o executivo já nota que a carestia está reduzindo o consumo de alguns itens, como produtos de limpeza. No restante do país, um movimento relevante de trade down também está em curso, com os consumidores trocando marcas tradicionais por mais baratas — a tendência vai de achocolatados, abandonando o Nescau pelo similar Apti, à troca de carne bovina por frango.

De modo geral, o Assaí conseguiu sustentar as margens mesmo com a inflação mais alta. No trimestre, a rede apurou um Ebitda ajustado de R$ 973 milhões, com margem de 9% (quando excluído o impacto positivo de créditos tributários não recorrentes, a margem ficou em 7,8%, estável na comparação anual). Na última linha do balanço, o Assaí ficou com um lucro líquido de R$ 538 milhões, aumento de 3%.

Não fosse a inflação, a rede teria crescido e lucrado mais, disse Gomes. Se de um lado os atacarejos podem ser beneficiados pelo trade down, com a migração do consumo dos supermercados rumo a lojas como Assaí e Atacadão, o movimento também se reflete nos consumidores que frequentam a rede.

“Existe um trade down pesado que acelerou muito. O consumidor deixa de comprar arroz tipo 1 e passa a comprar tipo 2. Sai de um café de marca premium para intermediário”, explicou o CEO. Nesse ambiente, o volume não cresceu — no trimestre, houve uma ligeira queda de 0,3%.

Com uma inflação de alimentos de dois dígitos, a manutenção do padrão de consumo faria com que a receita do Assaí crescesse de 12% a 14%. No entanto, o incremento nas lojas abertas há mais de um ano foi de apenas 4,5%, o que mostra o efeito da deterioração da situação econômica no país.

“A margem que operamos é muito parecida nos produtos que trabalhamos, do achocolatado mais caro ao mais barato. Mas tem perda. Ao invés de vender R$ 11,7 bilhões, provavelmente teria vendido R$ 12,5 bilhões. Com a mesma margem Ebitda de 7,8%, eu daria um lucro maior”, destacou.

Quando fala de inflação, o CEO do Assaí também demonstra preocupação com o aumento das taxas de juros pelo Banco Central. Diante de uma inflação que não parece ser de demanda, a ação do Copom pode não dar o resultado esperado.

“O remédio sempre amargo do aumento da taxa de juros é efetivo para conter inflação com consumo aumentando, mas não é o que está acontecendo”, disse Gomes, lembrando que os responsáveis pela inflação (valorização do dólar, problemas climáticos, petróleo em alta e falta de chuvas) não estão na mão do BC.

Fonte: Luiz Henrique Mendes, Pipeline

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