Bebidas não alcóolicas da Ambev também tiveram excelente desempenho no segundo trimestre
A Ambev (ABEV3) segue entre as empresas mais beneficiadas pela retomada do consumo fora de casa. Isso é o que revelaram os números divulgados em balanço do segundo trimestre nesta quinta-feira, 28.
A companhia apresentou 4,7% de crescimento de Ebitda para R$ 5,54 bilhões, com salto na receita líquida de 14,5% para R$ 18 bilhões. O desempenho superou o consenso da Bloomberg, que era de R$ 17,17 bilhões de receita e R$ 4,59 bilhões de Ebitda.
O lucro líquido ajustado do segundo trimestre aumentou 4,2% para R$ 3,085 bilhões, enquanto o volume de bebidas estabeleceu um novo recorde para o segundo trimestre ao crescer 6,1% para 42,24 milhões de hectolitros.
A maior parte do crescimento da Ambev foi puxada pelas divisões brasileiras de cervejas e bebidas não alcóolicas, que cresceram em volume 8,5% e 16,2%, respectivamente.
O grande destaque ficou com as vendas de Chopp Brahma, que foram as maiores dos últimos doze anos, superando até mesmo as registradas durante as últimas duas Copas do Mundo, na Rússia e no Brasil. O maior consumo do chopp ajudou a impulsionar a receita da divisão Cerveja Brasil, que cresceu 22,7% para R$ 7,9 bilhões.
A Ambev estima que, além do maior faturamento, também tenha ganhado participação de mercado frente ao mesmo período do ano passado. A margem Ebitda da divisão Cerveja Brasil, no entanto, foi a que mais sofreu do grupo, com queda de 5,4 ponto percentual para 32,5%.
Preços de commodities, segundo a Ambev, foram determinantes no aumento de custos, também pressionados por pressões inflacionárias sobre investimento em vendas e marketing.
A Ambev tem buscado atenuar a pressão de custos com um “melhor mix de embalagens”, como o fortalecimento da estratégia de garrafas de vidro retornáveis. “O volume cresceu graças à nossa capacidade de entregar nossos produtos nas embalagens certas para diferentes ocasiões de consumo aos nossos clientes e consumidores”, disse a Ambev.
Ainda que represente uma parcela menor da empresa, a divisão de bebidas não alcoólicas do Brasil foi a que mais cresceu na comparação anual, com aumento de receita líquida de 43,3% para R$ 1,54 bilhão.
A empresa atribuiu a performance às vendas de Red Bull, H2OH!, Gatorade e de produtos da linha diet, light e zero. De acordo com a Ambev, a Pepsi Black (sem açúcar), dobrou de peso dentro do volume da marca Pepsi, que cresceu 20% no Brasil.
Ambev no exterior
Na América do Sul, excluindo as operações da Ambev no Brasil, a receita cresceu 35,6% para R$ 3,45 bilhões. O volume, contudo, permaneceu praticamente estável, em 6,93 milhões de hectolitros. A divisão foi a única que teve ganho de margem Ebtida no período, saltando de 23,1% para 26,2%. Vale ressaltar, porém, que os números foram apurados conforme a “Contabilidade Hiperinflacionária” para as operações na Argentina.
Mas foi no Caribe onde a empresa enfrentou as maiores dificuldades no trimestre, com queda de 10,5% do volume e de 9,7% de receita líquida. O desempenho, segundo a empresa, foi afetado por restrições na cadeia de suprimentos na República Dominicana e no Panamá. A Ambev também reportou “uma dinâmica competitiva de curto prazo mais acirrada no Panamá”.
A perda de receita líquida foi semelhante nas operações da empresa no Canadá. Porém, o volume sofreu menos, com queda de 2,9%. Apesar da diminuição das vendas, a Ambev estima ter ganhado participação de mercado, com as divisões de cerveja premium, com a Stella Artois, e beyond beer, com marcas como Corona Tropical e Mike’s Red Freeze.
Ambev avança no plano de turbinar venda de cerveja em garrafas retornáveis
A Ambev viu as vendas de cerveja em garrafa retornável crescerem 20% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. A cervejaria vem impulsionando essa estratégia nos últimos meses como uma forma de juntar o útil ao agradável: preservar seus volumes diante da inflação elevada — a retornável é mais econômica para o consumidor final — e turbinar suas credenciais ambientais.
A companhia diz que investiu cerca de R$ 100 milhões para elevar a adesão à garrafa retornável. Segundo ela, sua meta é ter, até 2025, 100% dos produtos em embalagens retornáveis ou feitas majoritariamente de material reciclado.
A cervejaria vem tentando fazer decolar a operação das retornáveis há alguns anos, já que as embalagens de vidro são um calcanhar de Aquiles da circularidade de suas operações: apenas um quinto delas é reciclado, contra praticamente todas as latas de alumínio.
Segundo análise da XP divulgada este mês, a estratégia de retornáveis deveria ser um dos motivos para que as vendas de cerveja pela Ambev no Brasil crescessem em meio à desaceleração em outros mercados. Fonte: Exame, O Globo