<< Voltar pra Home

ABRAS



Varejo e indústria: uma relação em evolução

21 de setembro de 2023
 - 
14:00
 - 
Redação SuperHiper
Featured image for “Varejo e indústria: uma relação em evolução”

A relação dos supermercados com seus fornecedores vem evoluindo muito, mas existem muitas oportunidades de desenvolvimento 

Por Renato Müller 

Um dos assuntos mais espinhosos na história do varejo é o relacionamento com a indústria. Nem sempre harmonioso, às vezes difícil, mas sempre necessário para que o consumidor final seja bem atendido. Afinal, sem produtos não há varejo – e sem varejo o produto não chega ao cliente. 

Um painel no segundo dia da ABRAS’23, que acontece nesta semana em Campinas (SP), abordou as mudanças nas relações dos supermercados com a indústria e a formação de ecossistemas de negócios. Uma transformação que é temperada com um ingrediente importante: a complexidade do mercado brasileiro. “O consumidor brasileiro quer ESG, bem-estar e saúde, ao mesmo tempo em que busca preço baixo e quer ser atendido em diversos canais. É desafiador, tanto pelos custos quanto pela complexidade para fazer acontecer”, analisa Rodrigo Cambiaghi, sócio-diretor de consultoria da EY para a América Latina. 

Mas esse é um desafio que precisa ser encarado. “Temas como saúde e sustentabilidade se tornaram inegociáveis, e varejo e indústria precisam trabalhar para trazer esses elementos para os produtos, a um custo acessível”, afirma Fernando Rosa, presidente da Kraft Heinz no Brasil. “Como indústria, nosso papel é puxar essa agenda, fazer esses investimentos e levar ao consumidor o que ele espera. Para fazer isso sem repassar para o preço, temos que ser mais eficientes e buscar a colaboração do varejo”, acrescenta. 

A colaboração varejo / indústria para reduzir custos e ganhar eficiência passa, necessariamente, pelo melhor uso dos dados dos negócios. “Compartilhar dados é essencial. A indústria não consegue melhorar a oferta, ter melhores produtos, se o varejista não abrir seus dados e mostrar o que está sendo demandado pelo cliente”, afirma José Koch, presidente do Grupo Koch. “Essa é uma mudança de cultura e de posicionamento que precisa ser acelerada”, reforça. 

Para Koch, a mudança de cultura vem a reboque de uma ampliação importante do relacionamento com os fornecedores. “Tradicionalmente essa relação era focada no comercial, mas hoje precisa ser muito mais ampla, envolvendo logística, marketing, visual merchandising, planejamento e gestão. O varejo precisa capacitar seus times para poder conversar com a indústria em pé de igualdade”, diz o supermercadista. 

Tecnologia e muito mais 

Para Wlamir dos Anjos, Vice-Presidente Comercial e Logística do Assaí, a transformação da relação entre varejo e indústria envolve tecnologia, mas vai muito além. “Tecnologia, sozinha, não resolve. O Brasil não é para amadores: só quem tem um conhecimento muito grande das características locais dos clientes consegue ter sucesso por aqui. Por isso a parceria do varejo com os fornecedores é essencial”, explica. 

O executivo conta que, na última década, o relacionamento da indústria com o atacarejo evoluiu muito. “Sempre ficávamos para trás na conversa com a indústria, mas hoje é diferente, pois está claro que o consumidor consome em múltiplos canais e os fornecedores precisam desenvolver políticas específicas para cada formato de varejo. Se não fizerem isso, vão perder competitividade e ficar para trás”, acredita. Ao mesmo tempo, a indústria tem uma grande capilaridade e, com frequência, entende muito bem os desafios da regionalização. Com isso, consegue ajudar o varejo em sua expansão e na definição do mix ideal em cada ponto de venda. “Quando colaboramos, temos melhores resultados”, diz Anjos. 

Para Fernando Rosa, da Kraft Heinz, hoje varejo e indústria entendem muito melhor o valor da informação e, assim, têm deixado para trás os tempos de uma relação conflituosa. “Tanto o varejo quanto a indústria saem ganhando quando têm dados em tempo real e conseguem reagir rapidamente ao que acontece no PDV”, afirma. A empresa tem trabalhado em diversas plataformas para utilizar melhor os dados e aumentar sua eficiência operacional (e, em consequência, a eficiência dos parceiros varejistas). “Em um app para nossa área comercial, estamos desenvolvendo um sistema que prevê a ruptura com base nas informações de venda. O sistema orienta nosso time de campo, com detalhamento por loja e sugestão de sortimento ideal por PDV”, exemplifica. 

Assim, a empresa vai além do Gerenciamento por Categorias praticado no passado, que não funciona em um país com a complexidade do Brasil. “Precisamos ser muito mais granulares, atendendo cada loja de forma específica. É um passo muito importante, que também contribui para a evolução do varejo”, diz Rosa. 

Ter a tecnologia é ótimo, mas insuficiente. “Comprar o software é o mais fácil: a grande dificuldade é ter a equipe para implementar e, principalmente, utilizar bem a tecnologia”, comenta João Koch. Para o executivo, o grande desafio é fazer com que vendas e inovação caminhem juntos. “A tecnologia nos dá uma resposta mais rápida para tudo o que estamos fazendo. Mas o futuro do varejo não está na compra, e sim no custo operacional: o diferencial está em ter a estrutura mais eficiente possível para obter vantagem competitiva”, avalia. 

Além disso, é preciso tomar cuidado com a qualidade dos dados que são coletados. O custo de sistemas e hardware é cada vez menor, o que facilita a coleta e análise de informações – mas informação demais pode se transformar em ruído. “Do mesmo jeito como água demais mata a planta, quem tem muitos dados mas não sabe usar acaba se perdendo. E para saber usar é preciso preparar a cultura do negócio e as pessoas, o que leva tempo. Por isso, esse é um processo, uma evolução, que precisa ter em mente o consumidor e o que é importante para ele”, finaliza Wlamir dos Anjos, do Assaí. 


Compartilhar:
Image

Últimas Notícias



Image

#AjudaSul: Grupo Carrefour Brasil cede espaço para abrigar animais em São Leopoldo

De forma emergencial, imóvel desativado da rede supermercadista, será utilizado pela secretaria de proteção animal do munícipio gaúcho, além de…
Image

Com investimento de R$ 10 milhões, Bistek Fresh inaugura loja em Balneário Camboriú

Marca da Rede Bistek Supermercados traz conceito de loja de vizinhança e promete “tudo fresco, todo dia” Balneário Camboriú vai…
Image

#AjudaSul: Cencosud Brasil promove campanha em prol do Rio Grande do Sul

Doações podem ser feitas em 100 lojas do grupo presentes em estados do Nordeste, Sudeste e Centro Oeste do País…
Image

Atacadão Dia a Dia adquire lojas da rede Melhor Atacadista

Transação firmada na última semana parte do plano de expasão da empresa supermercadista O Atacadão Dia a Dia, empresa do…