Por Renato Müller
A trégua dada pelo presidente americano Donald Trump para aumentar as tarifas de produtos canadenses importados pelos Estados Unidos termina no final desta semana, mas já tem provocado mudanças no perfil de consumo dos consumidores ao norte da fronteira. O boicote a produtos “made in USA” vem sendo sentido nas prateleiras dos supermercados.
De acordo com Per Bank, presidente e CEO da Loblaw, a líder supermercadista do Canadá, os consumidores aumentaram nas últimas semanas a procura por produtos fabricados no mercado canadense. “Quando estou nas lojas, toda pessoa que encontro pede ajuda para identificar os produtos feitos dentro do país. Esse é um movimento real”, afirma.
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A Loblaw atualizou recentemente seu aplicativo de compras, o PC Optimum, para facilitar a busca por produtos fabricados no país. O recurso de “swap” permite substituir itens de uma lista de compras por alternativas canadenses. Segundo o CEO Per Bank, tem havido um aumento semanal de 75% no uso do recurso, levando a uma alta de 10% nas vendas de produtos locais.
Na Loblaw, menos de 10% dos custos vêm de produtos importados dos EUA, a maior parte no setor de perecíveis. “Essa é a categoria mais delicada, em que acreditamos conseguir mitigar metade dos fornecedores. As tarifas irão impactar consumidores em ambos os lados da fronteira”, acredita Bank.
Já em categorias como produtos de limpeza, a substituição é mais simples – e pode até ser benéfica para a varejista, devido à presença de opções de marca própria produzidas localmente. “Se as tarifas forem aplicadas nessas categorias, temos opções locais que serão boas para o país, para os consumidores e para nosso negócio”, analisa.