Por Renato Müller
Os consumidores tendem a dizer que compram de forma consciente, com foco na sustentabilidade e no impacto ambiental de suas escolhas, mas na prática agem de maneira menos nobre. É o que mostra o relatório “The Conscious Consumer 2025”, realizado pela agência Public com 3.000 consumidores nos EUA e Canadá.
Segundo o levantamento, 76% dos consumidores dizem agir de forma consciente em suas compras, mas na prática cerca de 50% deles fazem o que dizem e tomam decisões de consumo com base em aspectos como a reciclagem e o uso de matérias-primas e processos de baixo impacto ambiental.
Mas a culpa, na visão do estudo, não é dos clientes: é das marcas, que costumam exagerar em seu discurso de vendas. Cerca de 50% dos consumidores (e 87% daqueles no grupo dos altamente conscientes) desistem de comprar produtos que trazem mensagens pouco claras sobre sustentabilidade. O estudo também mostra que os clientes tendem a responder de forma mais favorável a declarações que focam em benefícios pessoais e imediatos, em vez de promessas abstratas relacionadas ao impacto sobre o planeta ou a natureza.
“Quando se fala no gap entre dizer e agir, a tendência é colocar o consumidor como vilão. Mas a verdade é que as marcas não têm atendido as demandas dos clientes da maneira correta”, afirma Caleigh Farrell, VP de Pesquisas da Public e principal responsável pelo estudo.
O levantamento pesquisou a relação dos clientes com categorias de consumo diário, como alimentos e vestuário, justamente pela interação contínua com esses itens. Declarações sobre uso de fornecedores locais e ingredientes de baixo impacto ambiental foram as que tiveram respostas mais favoráveis dos clientes, enquanto expressões como “orgânico”, “consumo reduzido de água” e “carbono zero” significam pouco para o público.
“O estudo deixa claro que as marcas que quiserem se comunicar direito com os clientes precisam deixar de lado as expressões complicadas e apresentar benefícios claros, especialmente para clientes que ainda não estão convencidos das vantagens de adotar uma postura mais sustentável”, acredita Caleigh.