Com orçamento apertado, americanos visitam 8% mais lojas, em busca de promoções, descontos e itens de marca própria
Por Renato Müller
Se houve um tempo em que os consumidores iam a um supermercado para comprar tudo o que precisavam, esse tempo foi embora – quem sabe para nunca mais voltar. Um relatório da Numerator mostra que, nos Estados Unidos, entre março de 2023 e fevereiro deste ano, os clientes visitaram em média 20,7 lojas para completar suas listas de compras.
O número representa um aumento de 8% em suas visitas em relação aos 12 meses anteriores e de 23% na comparação com o pré-pandemia. A principal razão para esse aumento na infidelidade dos consumidores? A alta do custo de vida.
No mercado americano, a participação dos alimentos nos gastos dos consumidores alcançou 11,3%, o maior índice dos últimos 30 anos, segundo o Departamento de Agricultura americano. Dados do Departamento do Trabalho mostram que os preços médios dos alimentos alcançaram 21% nos últimos três anos. O resultado é um aumento das compras em promoções e o crescimento do uso de programas de fidelidade.
Entendendo que não vão ganhar a batalha para ser o one-stop shop de consumidores que estão o tempo todo em busca de promoções, várias redes estão fazendo o caminho oposto e se tornando especialistas em determinadas categorias, para oferecer mais qualidade e diferenciar suas ofertas.
A Lidl, por exemplo, está focada em oferecer os melhores preços nos itens que os consumidores têm mais propensão em comprar naquela determinada época do mês. “Nosso foco está em sermos muito competitivos nos itens que os clientes mais estão buscando a cada momento”, diz Frank Kerr, responsável pela área de customer experience da varejista.
Outro foco importante é o mix de itens de marca própria dos supermercados. As vendas dos itens private label saltaram 15% nos 12 meses encerrados no fim de março, segundo dados da AlixPartners. O uso de cupons de desconto também vem em alta: um estudo da Advantage Solutions mostra que dois terços dos consumidores planejam suas compras de acordo com os cupons que possuem, contra 33% que adotavam essa prática em 2021.
Tudo isso pinta um cenário muito mais complexo para as redes de supermercados. Conquistar a preferência dos consumidores não depende mais apenas de localização, mas também de bons preços, ofertas imbatíveis, itens de marca própria e, por que não, ter o desconto certo na hora certa.