Shopping virtual atenderá pequenos mercados e restaurantes, além de clientes de atacarejos
O setor atacadista brasileiro vai se digitalizar. Em julho, está previsto o início da operação de um shopping virtual que atenderá supermercados, bares, restaurantes e até o consumidor final, para compras em grandes volumes.
“Estamos na fase de escolha da empresa que irá operar o nosso marketplace”, afirma Leonardo Miguel Severini, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), que desenhou o projeto, aberto a 3 mil empresas do setor. A iniciativa de criar um shopping virtual para vendas no atacado, que comercializa um grande volume de alimentos e produtos de higiene e limpeza, se deve aos números significativos que o comércio online tem registrado desde o início da pandemia. O presidente da Abad ressalta que o comércio online representou 15% do movimento em lojas de alimentos e produtos de perfumaria no ano passado.
Além disso, com tantas ondas da covid-19, os atacadistas acreditam que a tendência de menos compras presenciais é irreversível e enxergam boas perspectivas para esse novo canal. Tanto é que uma enquete realizada pela empresa de consultoria Nielsen com 660 atacadistas que respondem por mais da metade do faturamento do setor constatou que o comércio online lidera as intenções de investimento para este ano.
De acordo com a enquete, 54,2% dos entrevistados pretendem expandir os investimentos no e-commerce. Esse resultado está muito à frente do segundo maior foco de atenção dos atacadistas, que são os investimentos em novos formatos de lojas, com 49,2%.
No ano passado, o setor atacadista faturou R$ 287,8 bilhões e cresceu 0,7% em termos reais, já descontada a inflação, enquanto o Produto Interno Bruto(PIB), a soma de todas as riquezas geradas no País, encolheu 4,1%.
No ano passado, o varejo tradicional, atendido por 95% do setor atacadista, caiu 0,4% sobre o ano anterior e os bares e restaurantes, a maioria abastecida pelo atacado, registraram queda de 18,6% nas vendas em razão dos fechamentos por causa da pandemia.
Dentre os vários tipos de atacado, o autosserviço, onde o cliente faz sozinho as compras, registrou o maior avanço nas vendas, 24,9%, com faturamento de R$ 64,7 bilhões, segundo ranking da Abad/Nielsen. O crescimento se deve à abertura de novas lojas e por continuarem funcionando enquanto outros comércios foram fechados em razão da pandemia.
No ranking geral da Abad, o Atacadão se manteve na liderança, com R$ 51,8 bilhões de vendas em 2020 e crescimento de 23,2% sobre o ano anterior, seguido pelo Grupo Martins, de Minas Gerais, que faturou R$ 6,5 bilhões e expandiu 28,3% a receita em igual período.
Fonte: Estadão