O mercado de trabalho brasileiro tem testemunhado uma transformação importante nos últimos anos: cada vez mais mulheres estão ocupando cargos historicamente dominados por homens. No setor de varejo, essa mudança é visível em diversas áreas, como: locução, logística, transporte, Tecnologia da Informação (TI), eletrotécnica e até mesmo na peixaria e no açougue. Profissionais que antes eram exceção têm se tornado exemplos de força e competência, desafiando estereótipos e ampliando as possibilidades para futuras gerações.
Pensando nisso, a reportagem de SuperHiper foi a campo para contar essas histórias inspiradoras. Mas, antes de compartilhá-las, vale ressaltar que a própria Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) dá o exemplo. A presença feminina na composição da diretoria executiva para o triênio 2025-2027 já é de 41%.
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Além disso, a primeira-dama da associação, Virgínia Galassi, está à frente de importantes ações, como a parceria com a Organização Não Governamental (ONG) Amigos do Bem envolvendo a venda de sacolas reutilizáveis no setor supermercadista e a Caravana ABRAS – uma viagem especial ao sertão nordestino, bem como o Prêmio ABRAS | Dove “Mulheres que inspiram no varejo”. Destaque também para Thaís Anselmo, vice-presidente de Serviços aos Associados da ABRAS.
Para iniciar essa série, conheça o dia a dia das profissionais do Supermercado Mundial cujas histórias e trajetórias mostram diariamente que capacidade e determinação são as verdadeiras credenciais para qualquer profissão.
Voz que inspira
Patrícia começou sua trajetória no Mundial como terceirizada no setor de pacotes. Sempre gostou de comunicação e, ao observar o trabalho dos locutores da loja, sentiu vontade de seguir esse caminho. Com dedicação, passou a treinar sua voz e a estudar técnicas de locução. Seu esforço foi reconhecido, e ela conquistou a vaga. Atualmente, além do carinho que recebe dos clientes pela sua voz marcante, ela inspira outras mulheres a acreditarem em seu potencial. “Todo mundo é capaz de fazer aquilo que deseja. Basta correr atrás, batalhar e agarrar as oportunidades”, afirma. “Quando peguei o microfone pela primeira vez, tremia de nervoso, mas nunca deixei o medo me parar. Hoje, tenho orgulho de dizer que sou locutora e que meu esforço valeu a pena.”
Vencendo obstáculos
Cíntia se apaixonou pelo setor de conferência, mesmo quando lhe disseram que não havia mulheres ocupando esse cargo na empresa. O preconceito foi um obstáculo, mas não uma barreira intransponível. “Em pouco tempo na vaga, engravidei, mas isso serviu para quebrar estereótipos. Trabalhei os nove meses. Quando minha filha nasceu e olhei para ela, pensei: ‘vencemos, fomos guerreiras, porque isso não é para qualquer mulher’. Esse momento me marcou como profissional e pessoal”, relembra Cíntia que continua. “Lugar de mulher é onde ela quiser.”
Abrindo caminhos
Williane sempre foi apaixonada por tecnologia, mas cresceu em um ambiente onde não havia muitas oportunidades para aprender. Determinada, estudou sozinha, devorou livros e revistas sobre o assunto e não desistiu do seu sonho. Quando surgiu uma vaga no setor de informática do Mundial, enfrentou um rigoroso processo seletivo e garantiu sua posição. “Lugar de mulher não é só onde ela quiser, mas onde ela estiver capacitada para estar. Temos que estar preparadas para disputar espaço e crescer”, ressalta. Ela enfrentou desafios, precisou equilibrar trabalho, estudo e a vida familiar para se capacitar. “Quando consegui a vaga, senti que todo o esforço valeu a pena. Eu me orgulho de estar em um setor tão desafiador e de mostrar que tecnologia também é para mulheres.”
Superando medos
Assim como ela, Gelza se viu diante de um desafio inesperado: atuar na peixaria. Sem experiência com peixes, teve receio de lidar com facas e com a complexidade do trabalho. No entanto, com aprendizado e dedicação, tornou-se uma profissional reconhecida. “No começo, foi difícil, mas acabei me adaptando, conseguindo fazer um bom trabalho. Fui me desenvolvendo, lógico com a ajuda de outras pessoas que me ensinaram também, acabei me apaixonando pela profissão”, compartilha. “Nós, mulheres, também temos que acreditar no nosso potencial e enxergar que a gente também pode fazer muita coisa que o homem faz e deixar o preconceito de lado.”
Aprimoramento constante
Monique trilhou um caminho desafiador. Começou na construção civil e, após um período desempregada, encontrou no Mundial uma nova chance. Estudou, se capacitou e se tornou auxiliar de eletricista, a primeira mulher a ocupar esse cargo na empresa. “Eu não parava, fui aprimorando e fazendo mais cursos: de salvatagem, de bombeiro hidráulico e de operador de empilhadeira. Decidir me especializar em um curso técnico em eletrotécnica, e sinto que abri portas para outras mulheres. A sociedade precisa entender que somos capazes.” Sua persistência a levou a conquistar uma vaga na equipe de manutenção, tornando-se a primeira mulher no setor. “Sempre fui determinada. Que a sociedade venha mudar a visão e entendam que as mulheres podem também exercer a função do homem. Acreditei no meu sonho e mostrei que mulheres também podem atuar onde antes só havia homens.”