Por Renato Müller
O aumento das tensões geopolíticas, a fragilidade das rotas logísticas globais e as pressões inflacionárias em todo o mundo têm colocado o varejo mundial emu ma encruzilhada. A rede alemã Lidl preferiu não esperar uma estabilização dessa situação, optando por redesenhar seu modelo logístico para ganhar mais controle e eficiência.
Nesse redesenho de sua cadeia de suprimentos, a Lidl colocou Vietnã e Malásia como pontos estratégicos para reduzir a exposição da empresa à China e garantir a continuidade operacional das categorias de não-alimentos. A criação da Tailwind Shipping Lines, sua própria companhia de navegação, em 2022, foi vista naquele momento como uma resposta pontual aos gargalos pós-pandêmicos, mas hoje é a segunda maior companhia do setor na Alemanha. Mais do que um provedor interno, a empresa se tornou um pilar da Lidl na construção de uma rede logística mais flexível e resiliente aos solavancos da economia e da geopolítica global.
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Com o endurecimento das taxas cobradas de importações chinesas nos Estados Unidos, a importância da Malásia e do Vietnã aumentou, especialmente no fornecimento de itens de casa e vestuário. Outros varejistas estão menos preparados que a Lidl, o que deverá aumentar os preços desses itens ou gerar rupturas nas lojas.
A lógica da Lidl é clara: em vez de simplesmente importar de outros países, a empresa está reconstruindo sua cadeia de valor global com o objetivo de evitar dependências críticas de qualquer país, reduzir a exposição a grandes focos de instabilidade commercial e, principalmente, manter um fluxo de produtos constante em suas mais de 12 mil lojas no mundo.
A decisão estratégica da Lidl mostra uma nova forma de medir a eficiência da distribuição – não apenas com base nos custos, mas também na possibilidade de manter a continuidade das operações e evitar disrupções. A verticalização da operação com sua propria companhia de navegação e a diversificação de hubs logísticos, se torna uma blindagem em escala mundial.
