Home SeçõesDestaques Recrutamento e seleção: por que está tão difícil encontrar profissionais hoje em dia?

Recrutamento e seleção: por que está tão difícil encontrar profissionais hoje em dia?

De Administrador SH
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Coluna Mentores do Varejo faz hoje uma reflexão sobre o atual mercado de trabalho e a captação de talentos para as companhias

*Por Rafael Haddad

Quando você quer conhecer uma pessoa em seu maior estado íntimo e verdadeiro, um dos primeiros estímulos que você precisa reforçar é o da segurança

Para entender esse complexo cenário atual, te convido a voltar até as décadas passadas para entender onde começou esse grande desafio. Antigamente, não existiam muitos tipos diferentes de empregos ou setores para que a população buscasse oportunidades a fim de começarem suas carreiras. Os pilares que mais movimentavam o interesse das pessoas eram o varejo, indústrias, cargos públicos e área da saúde.

Consequentemente, existia uma abundância de pessoas interessadas em trabalharem nos supermercados, entretanto, esse cenário começou a decair com a entrada da internet, onde aumentou o acesso à informação, capacitação e cursos, além de que as faculdades também começaram a se tornar cada vez mais acessíveis.

Além disso, estamos vivendo em um mundo cada vez mais globalizado, que passa por diversas transformações, consequentemente, começaram a existir novas demandas para outras áreas e empregos que até então não existiam.

Qual é o melhor meio de captar pessoas?

Divulgar a vaga no máximo de locais e meios diferentes que você puder é uma excelente alternativa, pois isso fará com que você aumente a quantidade de interessados e participantes do seu processo seletivo. Sites de emprego, cartazes na loja, indicações de colaboradores, banco de currículos na loja são excelentes alternativas.

Preparando o ambiente para a entrevista

Agora chegou o momento de fazer as entrevistas para a seleção do candidato. Primeiramente, organize as funções que a pessoa irá desenvolver na vaga e quais serão os comportamentos esperados para aquela função.

Diferente de como é feito por aí, você não está em um exército recrutando soldados para irem à guerra, ou seja, não existe a necessidade de impor um ambiente intimidador no recrutamento. E por que eu digo isso? Quando você quer conhecer uma pessoa em seu maior estado íntimo e verdadeiro, um dos primeiros estímulos que você precisa reforçar é o da segurança.

Inicialmente, eu sempre gosto de perguntar para o entrevistado quanto tempo ele demorou para chegar, qual foi a forma de transporte que ele usou ou se alguém está lhe acompanhando, pois essa demonstração de interesse e cuidado junto ao candidato fará com que ele não mantenha uma posição insegura, fazendo com que ele se sinta mais tranquilo no ambiente inserido.

Qual é a forma correta de entrevistá-los?

Na parte das entrevistas eu costumo separar em três pilares: a parte de perfil e comportamento, a parte técnica e as experiencias que o candidato teve. Recomendo que você inicie o processo perguntando ao candidato sobre sua vida pessoal, interesses pessoais, hobbies e família, assim fica mais fácil para você mapear o perfil do seu candidato.

Nesse momento, é interessante você avaliar se os valores do colaborador estão alinhados com os da sua loja e se o comportamento está condizente com a vaga na qual ele irá ocupar. Após iniciar esse processo o candidato, com certeza, estará mais apto a responder perguntas mais complexas, fazendo com que você consiga ir para a parte de perguntas técnicas.

Nesta etapa, é interessante que você pergunte fatos referentes aos desafios atuais da vaga na qual ele concorre, pontuando todas as funções do colaborador e identificando o que ele terá facilidade em executar e o que vocês necessitarão treiná-lo.

Por fim, pergunte sobre suas experiencias passadas, resultados, projetos que construiu, relacionamento com chefes e colaboradores em outra empresa, para ter uma dimensão de como ele agia nos locais de trabalho.

Faça simulações com o entrevistado

Antes de finalizar a entrevista, eu recomendo que você traga ao menos dois desafios recorrentes ou atuais em sua loja, para entender como o entrevistado agiria em cada situação. Essa etapa, geralmente, elimina muitos candidatos, pois você percebe que na “pratica” a história é um pouco diferente. Vou te mostrar um exemplo que realizei em minha loja enquanto estava buscando um profissional para vaga de gerente:

“Estamos com queda de faturamento nos últimos dois meses, sendo no primeiro 4,7% e no segundo 3,8%, em relação aos anos anteriores. Quais seriam suas primeiras ações para identificar onde estão os problemas?”

Como ele era um gerente experiente, eu estava esperando alguma resposta do tipo:

“Eu começaria olhando pela quantidade de cupons que a loja teve, para entender se estão entrando mais ou menos clientes ou começaria analisando a margem praticada, pois isso pode estar gerando impacto no faturamento.”

Infelizmente, a postura dele foi totalmente contrária. Ele argumentou dizendo que por conta da pandemia o cenário estava ruim pra todo mundo e que quedas de faturamento são normais de acontecer.

Aquilo me mostrou o quanto despreparado aquele candidato era, pois eu não poderia recrutar uma pessoa que aceitasse os meus problemas como eles são. O varejo precisa de pessoas que resolvam e enfrentem os problemas com técnica e maestria, como tem que ser feito.

Considerações finais

Não faça recrutamentos de forma acelerada, sempre busque o máximo de candidatos qualificados para fazer entrevista para vaga. Não se sinta culpado por ter um processo devagar, pelo contrário, tenha cautela pois você evitará contratações erradas. Hoje, 85% dos entrevistadores contratam uma pessoa levando em consideração a parte técnica, entretanto, 90% das demissões acontecem por problemas de comportamento. Levar o perfil e habilidades de comportamento como fator de decisão na hora de recrutar podem ser sempre uma excelente alternativa.

*Rafael Haddad é diretor do Supermercado Katucha, Amo Varejo e Transforma Varejo. Formado em Administração de Empresas pela PUC com MBA em Varejo pela Fundação Getulio Vargas (SP) e extensão em Gestão de Pessoas pela Brigham Young University, em Utah.

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