A medicina avançou muito na detecção e tratamento do câncer de mama, doença mais prevalente entre as mulheres
No Brasil, assim como no mundo, o câncer de mama é o tipo mais frequente entre as mulheres. E aqui, como nos demais países, crescem os índices de cura e diminuem as mortes associadas a esses tumores, graças ao aumento dos diagnósticos precoces e aos novos tratamentos.
O câncer de mama é uma doença provocada pela multiplicação desordenada de células que compõem os tecidos que formam a mama. No Brasil, assim como no mundo, é o tipo de câncer mais frequente entre as mulheres (cerca de 60 mil novos casos por ano, segundo o INCA – Instituto Nacional do Câncer).
E aqui, como nos demais países, crescem os índices de cura e de sobrevida e diminuem as mortes associadas a esses tumores, graças ao aumento dos diagnósticos precoces por meio de exames de rastreamento (check-up), como a ultrassonografia e a mamografia, e à melhora na eficácia dos tratamentos utilizados no combate à doença.
Tipos de câncer de mama
Há, ainda, tipos mais raros de câncer de mama, como medular, mucinoso, metaplásico, papilar e tubular. Essa classificação provém do aspecto das células tumorais e de caraterísticas adicionais que o patologista observa no padrão e arranjo das células.
Uma vez confirmado o diagnóstico por meio da biópsia, exames de patologia são realizados para saber se o tumor possui expressão de receptor de estrógeno, de progesterona e de HER2 (o que traduz um aumento do número de cópias de um gene chamado de receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2).
Quando o tumor é negativo para as três variáveis estudadas, ele é chamado de Triplo Negativo. Se for positivo para o HER2, independentemente dos outros dois receptores, ele é definido como HER2 positivo Quando é positivo para estrógeno e/ou progesterona e negativo para HER2, trata-se do subtipo Hormonal.
A definição do subtipo de câncer de mama é um fator importante na escolha do uso de quimioterapia, terapia anti-hormonal e anticorpos anti-HER2, além da sequência de tratamento escolhida.
Sintomas
Tumores de mama podem ser detectados ainda nas fases iniciais por meio de sinais e sintomas como:
- Nódulo palpável
- Alteração de pele, como vermelhidão, inchaço ou ferida
- Assimetria no tamanho das mamas
- Presença de corrimento no mamilo.
Caso você observe algum desses fatores, é importante agendar uma consulta com seu médico, que avaliará o caso, oferecerá esclarecimentos e orientará as condutas.
Diagnóstico
Além do exame clínico das mamas, exames de imagem podem ser indicados, como mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética. Contudo, a confirmação diagnóstica é feita por meio de biópsia e análise fisiopatológica.
Graças aos programas de detecção precoce realizados por meio de avaliação Graças aos programas de detecção precoce realizados por meio de avaliação médica, mamografia e autoexame, a maioria dos tumores de mama são diagnosticados em estágios iniciais, quando é possível alcançar a cura.
Fatores de risco
O desenvolvimento do câncer de mama está associado a uma combinação de fatores de risco.
- Idade: o risco do câncer de mama aumenta com a idade, ocorrendo geralmente após os 50 anos. Porém, apesar de menos frequente, casos de câncer de mama podem surgir antes mesmo dos 35 anos
- História familiar: câncer de mama pode ter origem hereditária, sendo responsável pelo surgimento de aproximadamente 10% dos casos da doença (mesmo quando não se detectam na família mutações em genes relacionados ao aumento de risco de câncer de mama, a história familiar de câncer de mama, principalmente em familiares de primeiro grau, é fator de risco)
- Não amamentação (fato associado principalmente à gestação tardia ou à ausência de gestação)
- Início precoce da menstruação e menopausa tardia
- Ingestão de bebidas alcoólicas (o aumento de risco é proporcional ao consumo)
- Uso de terapia de reposição hormonal por um longo período
- Obesidade
- Sedentarismo
- Mamas densas constatadas nos exames de imagem
- Antecedente prévio de carcinoma ductal in situ*, carcinoma lobular in situ* ou hiperplasia atípica da mama
- Exposição à radioterapia na juventude
*In situ se refere a lesões pré-tumorais
Estadiamento
Uma vez confirmado o diagnóstico do câncer de mama por meio da biópsia, seu médico solicitará a realização de exames adicionais para avaliar o estágio (estádio, na linguagem médica) da doença, considerando o tamanho do tumor, se ele está restrito à mama ou se espalhou para os linfonodos (gânglios) localizados na região da mama, principalmente nas axilas, ou para outros órgãos (as chamadas metástases). Esses exames podem incluir, raio X de tórax, ultrassom de abdome, tomografia e ressonâncias, entre outros.
Esse conjunto de informações, a partir das quais os tumores de mama são classificados em estágios de I a IV, de acordo com suas características e gravidade, é importante para definir os melhores caminhos de tratamento.
Tratamento
- Cirurgia
- Quimioterapia
- Hormonioterapia (terapia endócrina)
- Terapia-alvo
- Radioterapia
São vários os recursos disponíveis para o tratamento do câncer de mama e seu médico, a partir de uma avaliação cuidadosa, selecionará aquele ou aqueles que são mais indicados para o seu caso. Vários fatores são considerados, entre eles:
Estadiamento: pacientes com tumores iniciais poderão receber cirurgia conservadora (procedimento em que é extraída apenas uma porção da mama), seguida de radioterapia, sem necessidade de quimioterapia. Pacientes com tumores grandes poderão receber quimioterapia pós-operatória (neoadjuvante).
Tipo de câncer: para pacientes com câncer de mama com receptores hormonais será indicada, após a cirurgia, a hormonioterapia (terapia endócrina) com comprimidos. Pacientes com câncer de mama com expressão de HER2 receberão um tipo de terapia-alvo que age diretamente na proteína HER2.
Estado menstrual: o tratamento do câncer de mama da mulher na pré-menopausa tem diferenças importantes quando comparado com a mulher que já entrou na menopausa. Tais diferenças podem refletir, por exemplo, na necessidade ou não de quimioterapia preventiva e uso de medicações para suprimir o funcionamento dos ovários.
Qualquer que seja o quadro, é sempre importante contar com uma equipe médica altamente qualificada e integrada para definir a estratégia de tratamento mais adequada.
Prevenção
De forma geral, a recomendação dos médicos é que, a partir dos 40 anos, toda mulher, independentemente do histórico familiar ou identificação de sintomas, faça um acompanhamento periódico com seu médico, além de realizar a mamografia anualmente.
Porém, dependendo de certos fatores de risco e histórico familiar, seu médico poderá recomendar começar mais cedo a rotina de acompanhamento e exames preventivos. Nesses casos, também poderão ser solicitados outros tipos de exames, como a ressonância magnéticas das mamas. É extremamente importante uma avaliação médica especializada, seja para determinar a idade de início e o tipo de exames de acompanhamento, seja para a adoção de outras medidas, como uso de medicamentos que ajudam na prevenção.
Para pacientes com tipos específicos de mutações germinativas, há a possibilidade de prevenção de câncer de mama por meio da cirurgia mamária redutora de risco (mastectomia). Essa estratégia é reservada para um seleto grupo de mulheres.
O autoexame das mamas também pode ser importante em alguns casos.
Um estilo de vida saudável é outro aliado na prevenção do câncer de mama (e também de outros tipos de câncer e doenças). Isso inclui:
- Atividade física praticada regularmente. Isso contribuirá para obter ou manter o peso adequado.
- Alimentação rica em frutas, fibras e vegetais. Evite alimentos processados.
- Moderação no consumo de bebidas alcoólicas.
Novidades contra o câncer de mama
Pesquisas científicas recentes têm mostrado que tratamentos baseados em medicamentos alvo-dirigidos para subtipos específicos de câncer de mama agregam maior benefício para as pacientes. Dessa forma, quanto mais as pesquisas avançam no campo da terapia-alvo, mais oportunidades surgem para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes. Além disso, essas novas opções medicamentosas potencialmente provocam menos efeitos colaterais quando comparado à quimioterapia tradicional.
A terapia-alvo é uma nova alternativa de tratamento aplicada em pacientes cujo tumor tem determinadas características moleculares definidas geneticamente. Os medicamentos alvo-dirigidos são compostos de substâncias desenvolvidas para identificar e atacar as células cancerígenas, bloqueando assim seu crescimento.
Fonte: Diretor do Centro Oncológico da BP , Prof Dr Antonio Carlos Buzaid