Home SeçõesDestaques O que há por trás do fim do Just Walk Out nos supermercados?

O que há por trás do fim do Just Walk Out nos supermercados?

De Edevaldo Figueiredo
0 Comentário

Mais do que o emprego de mão de obra na Índia, o anúncio da Amazon mostra amadurecimento da estratégia da empresa no setor

Por Renato Muller

Quando a Amazon, nesta semana, anunciou que retiraria sua solução Just Walk Out de lojas sem checkout dos supermercados nos Estados Unidos, o anúncio rapidamente se transformou em choque com a descoberta de que a empresa mantinha um time de mil pessoas na Índia para verificar manualmente cada transação. Assim, o que vinha sendo vendido como um sistema autônomo acabava terceirizando, na prática, os operadores de caixa para outro continente.

Mas há muito mais nessa história do que isso. E é o que torna a mudança de direção da Amazon tão interessante. Atualmente, cerca de metade dos supermercados AmazonFresh nos Estados Unidos utilizam a tecnologia, desenvolvida desde 2016 e que será substituída por outra inovação que vem recebendo investimentos da empresa nos últimos anos: os dash carts.

Trata-se de carrinhos inteligentes, equipados com leitores de código de barras – uma espécie de self checkout no próprio carrinho de compras. Segundo Tony Hoggett, VP Sênior de supermercados da empresa, a mudança permite que os clientes acompanhem o valor das compras em tempo real, algo importante para consumidores preocupados em não estourar o orçamento.

Mas há mais: o fato de a tecnologia continuar sendo usada nas lojas de conveniência Amazon Go e em mais de 130 parceiros para quem o sistema foi vendido (como cafeterias, lojas em universidades e aeroportos) mostra que a empresa não conseguiu superar o grande desafio atual do modelo de lojas autônomas: a adoção em lojas de grande superfície.

O custo de implementar sensores nas gôndolas, câmeras no teto e gerenciar a infraestrutura e o volume de dados cresce exponencialmente quando o volume de clientes que percorrem a loja física aumenta – justamente o que acontece em um supermercado tradicional, versus uma loja de conveniência. Em um setor de margens muito apertadas, isso faz toda a diferença.

Também não ajudou o fato de continuar sendo necessário manter um time para conferir se o sistema funciona corretamente – foi revelado que cerca de mil profissionais na Índia cuidavam da verificação das compras, aperfeiçoando a Inteligência Artificial no processo. Não só não houve redução de custos com a automação, como a empresa corre um risco de imagem com a revelação de que o sistema não é tão automático assim.

O fim do Just Walk Out nos supermercados Amazon Fresh, por outro lado, reflete um amadurecimento da estratégia de varejo da Amazon no mercado americano. Desde 2022, com a chegada de Tony Hoggett para assumir a operação de supermercados, a Amazon tem sido mais pragmática, descartando tecnologias caras e de retorno duvidoso para melhorar a rentabilidade da operação e fazer o básico bem feito.

Um bom exemplo é o próprio dash cart, que nasceu como um carrinho de compras equipado com câmeras e conectado a um sistema de visão computacional para ler automaticamente tudo o que o cliente colocava ou retirava de suas compras. A ambição foi recalibrada e o sistema hoje conta com um leitor de código de barras convencional. Às vezes, menos é mais.

Leia Também

Publicação oficial da  Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS)

SuperHiper é a publicação oficial do setor supermercadista, produzida pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) há 48 anos. É uma importante ferramenta utilizada pela entidade para compartilhar informações e conhecimento com todas as empresas do autosserviço nacional, prática totalmente alinhada à sua missão de representar e desenvolver os supermercados brasileiros.

Leia a última edição

Abras

Super atualizada. Hiper Conectada