No Brasil, quatro de cada cinco garrafas importadas da bebida são vendidas por redes em todo o país
Desde o início da pandemia, as vendas de vinho no Brasil estão em polvorosa. Novas importadoras nascem a torto e a direito enquanto as que já existem fundem-se e gigantizam-se. De repente, beber vinho virou moda. Tem muita gente ficando rica lançando clubes de degustação (com cursos on-line), e-commerces e wine bars. Nem sequer a alta da inflação segurou a sede do consumidor.
O que pouca gente sabe é que quatro de cada cinco garrafas de vinho importadas são vendidas por supermercados. Pão de Açúcar, Big Brasil e Zaffari (os três maiores, em volume de vendas) mais as redes concorrentes detêm 79% do mercado, contra 16% das importadoras e e-commerces e 5% dos restaurantes.
Prova de que os supermercados estão nesse jogo para ganhar foi a contratação de um dos maiores sommeliers do país pela rede paulista St. Marché. Esta semana, Massimo Leoncini deixou o posto de braço-direito de Mariano Levy, cofundador da prestigiosa importadora Grand Cru, que ocupou por sete anos. No St. Marché, irá treinar os sommeliers, lançar um e-commerce e fazer a seleção de vinhos e destilados.
Leoncini, que foi sommelier da Enoteca Pinchiorri (restaurante em sua Toscana natal, que tem uma adega mítica) e do Fasano, diz ter saído porque busca novos desafios. Suponho que a venda recente da Grand Cru ao e-commerce Evino, especializado em preços baixíssimos – e o inevitável choque de culturas que a fusão acarreta – pesou na decisão. “O Massimo é o máximo, não tem ninguém melhor do que ele no Brasil !”, diz Bernardo Ouro Preto, CEO do St. Marché (com 25 lojas, incluindo o Empório Santa Maria) e fanático por vinhos.
Ouro Preto afirma que sua rede, por onde passam 160 mil clientes por semana, é a maior vendedora do país de vinhos premium (custando a partir de R$ 100). Não é preciso bola de cristal para ver onde ele quer chegar comprando o passe do sommelier que descreve como “culto, inteligente, entendedor e cativante”. Somo à lista de elogios um que vem muito a calhar: craque em negócios.
Fonte: Alexandra Forbes, O Globo