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Mudança climática: como supermercados podem lidar com ondas de calor e frio extremo

"Um executivo não pode mais se basear apenas no histórico de vendas para balizar as decisões para o próximo ano", declarou o especialista em clima, Willians Bini

De Edevaldo Figueiredo
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À medida que o Planeta Terra enfrenta os desafios crescentes da mudança climática, os supermercados se tornam pontos críticos para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade. As ondas de calor e frio extremo, resultado do aquecimento global, não apenas intensificam eventos climáticos extremos, mas também afetam diretamente a produção e distribuição de alimentos. Diante disso, os supermercadistas precisam adotar estratégias inovadoras para mitigar esses impactos.

Em entrevista exclusiva à SuperHiper, o consultor sênior em clima e mudanças climáticas, Willians Bini, apontou os principais caminhos e cuidados que o setor de varejo alimentar precisa estar atento. “Um executivo não pode mais se basear apenas no histórico de vendas do ano anterior para balizar as decisões para o próximo. O risco climático sempre vai existir, mas há soluções que permitem tirar proveito disso, ou seja, ganhar mais e perder menos”, afirma Bini.

Como o aumento da frequência de eventos climáticos extremos (como secas, inundações e ondas de calor) pode afetar a disponibilidade e custo dos produtos alimentícios nos supermercados?
O aumento na frequência de eventos climáticos extremos gera impactos significativos em toda a cadeia de produção e distribuição de alimentos. Condições adversas, como secas prolongadas e enchentes, reduzem a produtividade das culturas – prejudicando o enchimento dos grãos e a qualidade dos produtos – o que diminui a oferta disponível. Essa menor disponibilidade, combinada com o risco aumentado de danos à infraestrutura de transporte e armazenamento, eleva os custos de produção e, consequentemente, os preços dos produtos alimentícios nos supermercados.

Diante de ondas agressivas de calor e frio extremo, quais medidas os supermercadistas devem se a ter?
Para lidar com condições de calor e frio extremos, os supermercadistas precisam adotar estratégias que assegurem a continuidade das operações e a qualidade dos produtos. Entre as medidas recomendadas estão:

  • Infraestrutura adaptada: Investir em sistemas de refrigeração e climatização de alta eficiência, com redundância de energia, para manter os produtos perecíveis em condições ideais.
  • Planos de contingência: Desenvolver protocolos de emergência que incluam ações para proteger estoques, equipamentos e garantir a continuidade operacional durante eventos extremos.
  • Monitoramento climático: Utilizar ferramentas de previsão para ajustar a logística e a operação, antecipando necessidades e evitando surpresas.
  • Capacitação da equipe: Treinar os colaboradores para atuarem de forma segura e eficaz sob condições climáticas adversas, protegendo tanto os funcionários quanto os produtos.

Quais práticas sustentáveis os supermercados podem adotar para reduzir suas próprias emissões de gases de efeito estufa, como eficiência energética ou logística mais verde?
Os supermercados podem integrar diversas ações sustentáveis para diminuir suas emissões, tais como:

  • Eficiência energética: Instalar iluminação LED, modernizar sistemas de refrigeração e utilizar tecnologias de automação para reduzir o consumo de energia.
  • Fontes renováveis: Investir em energia solar, eólica ou outras fontes renováveis, seja por meio de instalações próprias ou da contratação de energia verde.
  • Logística verde: Otimizar as rotas de distribuição, utilizar veículos elétricos ou híbridos e consolidar cargas, o que diminui as emissões por quilômetro percorrido.
  • Redução de resíduos e embalagens: Incentivar a economia circular, promovendo a reutilização e reciclagem de embalagens e reduzindo o uso de plásticos descartáveis.

Como os supermercados podem se preparar para enfrentar desafios relacionados ao clima, como escassez hídrica ou perda de safra em regiões produtoras importantes?
A preparação para desafios climáticos requer estratégias que garantam a resiliência da cadeia de suprimentos. Entre as ações estão:

  • Diversificação de fornecedores: Estabelecer parcerias com produtores de diferentes regiões para reduzir a dependência de áreas vulneráveis a eventos extremos.
  • Reservas estratégicas: Criar estoques de segurança para produtos essenciais, de modo a mitigar períodos de baixa produção.
  • Tecnologia e previsão: Investir em sistemas de inteligência que integrem dados climáticos e de mercado para ajustar compras e estocagem conforme previsões.
  • Apoio à produção sustentável: Priorizar a compra de produtos oriundos de práticas agrícolas resilientes – que utilizam técnicas de conservação de água e manejo sustentável do solo – para fortalecer a segurança alimentar.

Qual é o papel da educação ambiental no setor varejista para aumentar a conscientização dos consumidores sobre as escolhas sustentáveis que eles podem fazer ao comprar alimentos em um contexto de crise climática?
A educação ambiental no varejo é fundamental para transformar as escolhas dos consumidores e promover a sustentabilidade. Para isso, os supermercados podem:

  • Campanhas de conscientização: Desenvolver materiais informativos e etiquetas que expliquem os impactos ambientais dos alimentos, incentivando escolhas com menor pegada de carbono.
  • Workshops e eventos: Organizar palestras e oficinas que mostrem os benefícios de produtos locais, orgânicos e de safras sustentáveis.
  • Transparência na cadeia de suprimentos: Divulgar as práticas sustentáveis dos fornecedores, permitindo que o consumidor saiba a origem e os métodos de produção dos alimentos.
  • Incentivo à economia circular: Educar sobre a importância de reduzir desperdícios, reciclar e reutilizar embalagens, reforçando o papel ativo do consumidor na mitigação dos impactos climáticos.

De que maneira uma abordagem baseada na economia circular pode ajudar os supermercados a minimizarem resíduos alimentares enquanto enfrentam desafios climáticos?
Uma estratégia de economia circular transforma o modo como os supermercados gerenciam seus resíduos e produtos, contribuindo para a sustentabilidade. Essa abordagem inclui:

  • Redução do desperdício: Implementar sistemas de monitoramento de prazos e qualidade dos produtos, redirecionando alimentos próximos ao vencimento para doações, descontos ou processamento, evitando perdas.
  • Reutilização e reciclagem de embalagens: Incentivar a coleta e o retorno de embalagens para reutilização, além de promover parcerias para reciclagem.
  • Compostagem dos resíduos orgânicos: Instalar sistemas de compostagem que transformem restos alimentares em adubo orgânico, o qual pode ser utilizado em hortas urbanas ou repassado a agricultores.
  • Parcerias na cadeia de valor: Colaborar com startups e empresas que desenvolvem soluções em economia circular para criar um ciclo virtuoso onde resíduos se tornam recursos.

ITENS MAIS PROCURADOS NO VERÃO

Com o verão em andamento, as redes de supermercados se preparam estrategicamente para a época. Prova disso, é que a própria indústria começa a apresentar os planos para o período no início de cada ano. Entre as categorias com grande impacto na estação estão os repelentes, sorvetes, açaís, inseticidas e protetores solares. Todos esses itens são sensíveis à combinação de altas temperaturas e férias escolares. E nesse período registram um aumento nas vendas que varia de 30% até 43%.

“Apesar do verão ocorrer oficialmente entre dezembro e março, percebemos que o aumento nas compras de diversas categorias se inicia na primavera, onde as temperaturas já começam a subir”, diz Fabíola Rodrigues, que ocupa o cargo de Inteligência de Mercado/GC da Rede Confiança Supermercados. Além disso, outras categorias também são impactadas com o aumento da temperatura, entre elas, as frutas frescas, iogurtes, sucos frescos, água de coco, água mineral, refrigerantes e chás prontos para beber.

COMO PRESERVAR OS ALIMENTOS

O Brasil vem passando, nas últimas semanas, por uma onda de calor extremo, com temperaturas que podem chegar a 70°C de sensação térmica. Essa situação acarreta na deterioração acelerada dos alimentos, tornando ainda mais importante a maneira como armazenamos verduras e legumes.

Isso porque cada tipo de alimento exige um cuidado específico para garantir que eles permaneçam frescos e consumíveis. Dessa forma, guardá-los de maneira adequada na geladeira é essencial para manter a qualidade, sabor e os nutrientes por mais tempo.

Pensando nisso, a Daki, aplicativo de mercado online, reuniu 10 dicas essenciais para armazenar legumes e verduras corretamente, ajudando a preservar a qualidade e o sabor mesmo em meio às altas temperaturas.

Separe os legumes e as verduras: é importante separar os legumes das verduras na geladeira, pois eles têm necessidades diferentes. As verduras, como alface, espinafre e couve, geralmente requerem mais umidade, enquanto os legumes, como cenoura, abobrinha e batata, preferem ambientes mais secos.

Use sacos plásticos ou potes herméticos: para manter a frescura das verduras, o ideal é guardá-las em sacos plásticos com pequenos furos ou em potes herméticos. Isso cria um ambiente com umidade controlada, o que ajuda a evitar que as folhas murchem rapidamente.

Evite lavar antes de armazenar: a umidade adicional pode acelerar a deterioração dos alimentos. Por isso, é recomendável não lavar os legumes e verduras antes de guardá-los na geladeira. Lave-os apenas antes de utilizá-los.

Mantenha a temperatura adequada: durante ondas de calor, a geladeira pode precisar de ajustes. O ideal é manter a temperatura entre 4°C e 7°C, garantindo que os alimentos permaneçam conservados sem congelar.

Organize as gavetas: as gavetas da geladeira são projetadas para controlar a umidade. A gaveta de baixo é geralmente mais úmida e é ideal para armazenar verduras como alface, rúcula e acelga. A gaveta superior, mais seca, é melhor para legumes como cenoura, pepino e batata.

Armazene legumes de forma individual: alguns legumes, como cebolas, batatas e abóbora, devem ser armazenados em locais secos e ventilados fora da geladeira, a não ser que já estejam cortados ou cozidos. Já outros, como cenouras, tomates e brócolis, devem ser mantidos na geladeira.

Retire partes danificadas: O calor extremo pode fazer com que áreas danificadas se decomponham mais rápido. Retire qualquer parte murcha antes de armazenar.

Consuma primeiro os alimentos mais perecíveis: verduras como alface e rúcula têm uma vida útil mais curta. Consuma-as em um curto período de tempo após a compra. Já legumes como batata, cenoura e cebola podem ser armazenados por mais tempo.

Use a gaveta de umidade controlada: algumas geladeiras possuem gavetas com controle de umidade. Se a sua geladeira tiver essa funcionalidade, use-a para armazenar os alimentos mais sensíveis à umidade, como folhas e ervas frescas.

Cuidado com o etileno: alguns alimentos, como maçãs, bananas e tomates, liberam gás etileno, que acelera o amadurecimento e a decomposição de outros alimentos. Esse efeito é ainda mais intenso em temperaturas mais altas, tornando essencial manter esses itens afastados de legumes e verduras para evitar que estraguem rapidamente.
Com esses cuidados simples, é possível prolongar a vida útil dos legumes e verduras e evitar desperdícios mesmo nas temperaturas mais altas. Além disso, organizar a geladeira de forma eficiente também facilita o acesso a esses alimentos, ajudando a manter a alimentação saudável e prática.

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Publicação oficial da  Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS)

SuperHiper é a publicação oficial do setor supermercadista, produzida pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) há 48 anos. É uma importante ferramenta utilizada pela entidade para compartilhar informações e conhecimento com todas as empresas do autosserviço nacional, prática totalmente alinhada à sua missão de representar e desenvolver os supermercados brasileiros.

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