Especialmente no setor de alimentos, proximidade dos PDVs e disponibilidade imediata do estoque se tornam essenciais para atender rapidamente os clientes
Por Renato Müller
Em um passado não muito distante, as lojas físicas foram vistas como dinossauros que seriam massacrados por varejistas 100% digitais, que, com uma estrutura muito enxuta, conseguiriam oferecer produtos a preços muito mais competitivos. O tempo, porém, mostrou que a realidade é bem diferente.
Dados do instituto GlobalData mostram que, no ano passado, 42% dos pedidos do e-commerce americano foram atendidos a partir de lojas físicas, total ou parcialmente. Em 2015, esse índice era de 27%. Em outras palavras, a omnicanalidade é uma realidade clara: consumidores vão as lojas para conhecer produtos, testar se aquele item é o ideal para eles, retirar pedidos feitos online e trocar itens. Da mesma forma, os varejistas têm aumentado o uso dos pontos de venda como hubs de distribuição, utilizando as lojas como mini centros de distribuição avançados, próximos dos clientes.
“De diversas maneiras, a loja física continua sendo o coração do varejo”, afirma Neil Saunders, managing director da GlobalData. Os números de grandes varejistas de diversos setores mostram isso: o Walmart, hoje, atende mais da metade dos pedidos online a partir da loja física mais próxima do cliente, enquanto a Target já tem quase 100% dos pedidos do e-commerce atendidos por uma rede de 2.000 pontos de venda físicos.
A pandemia acelerou a integração omnichannel, que já era sentida como um diferencial antes de 2020. Com as lojas fechadas, usar os estoques para entregar rapidamente na vizinhança se tornou essencial – e esse aprendizado se manteve no pós-crise. No varejo americano, em que as vendas digitais responderam por 15,4% do faturamento total do setor (contra 6% em 2014), está cada vez mais claro que a integração entre físico e online precisa acontecer – embora nem sempre essa união seja simples.