O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) anunciou nesta sexta-feira, 27, a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para analisar o uso de recursos do cartão Bolsa Família com apostas on-line (bets). O grupo vai funcionar em parceria com a Rede Federal de Fiscalização do Bolsa Família e Cadastro Único com objetivo de apresentar uma proposta, até o dia 2 de outubro, de restrição ao desvirtuamento do propósito do programa. Ministério da Fazenda, Ministério da Saúde e Casa Civil também vão trabalhar na ação de forma integrada.
Em nota, o MDS reiterou que os programas sociais de transferências de renda foram criados para garantir a segurança alimentar e atender às necessidades básicas das famílias, das pessoas em situação de vulnerabilidade. “A prioridade sempre será combater a fome e promover a dignidade para quem mais precisa”, destacou o ministério. “O foco do MDS permanece firme em garantir que o Bolsa Família continue sendo um instrumento eficaz de combate à pobreza e à insegurança alimentar.”
Leia também:
- Regulamentação das bets deve mirar endividamento e combate a vício e fraudes
- Brasileiros gastam por mês até R$ 21 bi, via Pix, em bets
- “Jogo do Tigrinho” e vício em apostas on-line colocam em xeque saúde e segurança públicas
- Mais de 1,3 milhão de brasileiros estão inadimplentes devido a bets
BC
Nota técnica elaborada pelo Banco Central (BC) e divulgada na última terça-feira (24) mostrou que os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets (empresas de apostas eletrônicas) via Pix em agosto.
O levantamento foi feito a pedido do senador Omar Aziz (PSD-AM), que pretende pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) ações judiciais para retirar do ar as páginas das casas de apostas na internet até que elas sejam regulamentadas pelo governo federal.
Segundo a análise técnica do BC, cerca de 5 milhões de beneficiários de um total aproximado de 20 milhões fizeram apostas via Pix. O gasto médio ficou em R$ 100. Dos 5 milhões de apostadores, 70% são chefes de família. O relatório inclui tanto as apostas em eventos esportivos como jogos em cassinos virtuais.
STF
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), convocou para o dia 11 de novembro, às 10h, audiência pública para discutir a “lei das bets” (Lei 14.790/2023). Segundo o ministro, o objetivo não é colher interpretações e teses jurídicas, mas esclarecer questões associadas à saúde mental, aos impactos neurológicos das apostas sobre o comportamento humano, aos efeitos econômicos da prática para o comércio e a seus efeitos na economia doméstica, além das consequências sociais desse novo marco regulatório.
A audiência se dá no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7721, apresentada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A CNC aponta uma série de transtornos causados a partir da edição da lei, como o aumento do endividamento das famílias e impactos nas esferas econômica, social e de saúde pública, afetando principalmente as classes sociais mais vulneráveis.
Congresso
Diante das notícias, ao longo da semana, vários parlamentares apresentaram diversos projetos de lei voltados a endurecer a atual legislação sobre bets e jogos de azar e, também, envolvendo a questão do uso de recursos de programas sociais de transferências de renda nesse tipo de atividade. Entre eles estão os deputados: Tião Medeiros (PP-PR), Mendonça Filho (União Brasil-PE), Luiz Gastão (PSD-CE) e Carlos Hauly (Podemos-PR). E, também, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).
Fontes: Agência Brasil/ STF/ Agência Câmara de Notícias