Aperto no orçamento trouxe de volta aspectos tradicionais dos supermercados, que vinham em segundo plano por causa da pandemia
O ano de 2022 será visto, lá no futuro, como um tempo de crise econômica global. O aumento da inflação na esteira do pós-pandemia provocou grandes mudanças de comportamento dos consumidores e deu forte destaque para conceitos e práticas tradicionais dos supermercados, mas que não apareciam com cara de grandes tendências para o ano.
No mercado americano, enquanto se falava muito em delivery ultrarrápido, automação e crescimento da demanda por produtos premium, o que a realidade trouxe foi muito mais pé no chão: itens de marca própria e foodservice.
O aumento do custo de vida fez com que grande parte dos americanos trocasse a ida ao restaurante por uma refeição no supermercado (ou preparada na loja e levada para casa): nos 12 meses encerrados no fim de agosto, as vendas de foodservice e alimentos preparados nos supermercados saltaram 9,3% na comparação anual, para US$ 31,3 bilhões, de acordo com o FMI – Food Industry Association.
Nada menos que 82% dos supermercadistas afirmaram estar aumentando o espaço destinado a itens preparados nas lojas. A Kroger, líder do setor nos EUA, agregou dark kitchens a seus supermercados e abriu uma “praça de alimentação virtual” em Dallas para atender à demanda digital. Outro destaque, também ligado à alta no custo de vida, é o consumo de itens de marca própria. O varejo percebeu esse movimento e ampliou seu sortimento: bons exemplos são a Save Mart, que lançou uma linha de sorvetes premium, e a Albertsons, com uma linha de vinhos de marca própria.
O aperto no orçamento diminuiu o apetite dos consumidores por produtos premium, mas o avanço das marcas próprias permitiu manter alguns itens na lista de compras.