O índice de eficiência operacional do varejo alimentar atingiu 98,11% em 2025 ante 98,13% em 2024. O mesmo movimento foi verificado no índice de ineficiência operacional, que registrou 1,89% (patamar anterior) ante 1,87% (nível atual). Num primeiro momento, o resultado pode ser interpretado como um “empate técnico”. No entanto, uma vez considerada a crescente participação de perecíveis no negócio, isso significa que o setor supermercadista tem evoluído consideravelmente na redução de perdas, embora haja oportunidades de melhorias, principalmente em relação à quebra operacional.
Os números acima trazem os mais recentes resultados da nova Pesquisa de Eficiência Operacional realizada pela ABRAS, que, em 2025, chega à 25ª edição. Os resultados foram apresentados na segunda parte do painel sobre Eficiência Operacional, durante a programação do Smart Market ABRAS 2025.
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O levantamento, que já é referência no tema para o setor, está com novidades. Nesta edição, os novos coordenadores do Comitê Eficiência Operacional realizaram uma revisão criteriosa dos temas e dos indicadores. O resultado? Uma pesquisa ainda mais abrangente, repleta de análises, atualidades e insights práticos para apoiar as decisões estratégicas da sua empresa. Trata-se de um material que colabora para transformar o setor supermercadista com eficiência e inovação.
Vale lembrar que, em 2024, uma nova metodologia foi implementada pelo Comitê, ampliando o número de alavancas de três para sete: quebra operacional, administrativo, desvio operacional, quebra financeira, gestão de estoques, processos e gestão de riscos.
Quanto a pontos de melhorias, destaque para a quebra operacional: um aumento de nove pontos percentuais de 59% para 68%. Contudo, a avaliação foi de que o resultado pode ser interpretado de forma positiva no sentido que houve um crescimento expressivo de 60% nos respondentes da pesquisa atual. Ou seja, isso significa que mais varejistas estão reportando e mensurando suas perdas. Além disso, no quesito sobre desvios operacionais (furtos internos e externos, erros, etc.) o índice passou de 28% para 21%, uma queda de 7 pontos percentuais.
O vice-presidente de Relações Institucionais e Administrativo da ABRAS, Marcio Milan, destacou a importância dos números apresentados para o dia a dia do setor evoluir sempre e o fato de o Comitê estar ressignificando o conceito de perdas para eficiência operacional. Ele também chamou a atenção para o trabalho institucional da ABRAS relacionado a pautas que impactam diretamente esses indicadores, como a adoção do sistema “best before” para alimentos não perecíveis, como forma de combater o desperdício e, potencialmente, baixar os preços; a questão envolvendo doação de alimentos com benefícios fiscais; e as mudanças no sistema de vouchers de alimentação, voltadas a oferecer produtos mais competitivos para os consumidores.

Diretor do Comitê, Ederson Fernandes (Giassi Supermercados) (esq.) e o CEO da RTC Brasil, Romualdo Teixeira (dir.)
O diretor do Comitê, Ederson Fernandes (Giassi Supermercados), comemorou o avanço na participação de varejistas na pesquisa, mas reforçou a importância de que isso aumente. “Se o varejista não participar, não há como obter números sobre eficiência operacional. Esses números possibilitam que o varejista se enxergue dentro da pesquisa e possa avaliar o desempenho dele sobre o assunto em relação ao estado onde atua e em todo o varejo nacional.”
O CEO da RTC Brasil, Romualdo Teixeira, que é responsável pela metodologia, igualmente ressaltou o crescimento no número de respondentes da pesquisa, bem como o aumento na participação de perecíveis em quase todos os formatos contemplados pelo levantamento, em particular, no atacarejo. Por formato de loja, os índices de ineficiência atingidos foram: atacarejo (1,41%), hipermercado (1,88%), supermercado convencional (2,07%), loja de conveniência (2,47%), loja de vizinhança (3,03%) e contêiner em condomínios (5,13%).
“Quanto mais gente participar, melhor. É um trabalho muito sério no sentido de enxergar e transferir para o varejo brasileiro a percepção de que a eficiência operacional não é apenas um número de avarias, de quebras ou de inventário. É muito mais do que isso. E o profissional envolvido precisa ser valorizado. Ele deve ser percebido como um profissional de inteligência de negócio, não só da operação”, disse Teixeira. E acrescentou à fala dele o aprimoramento das operações feitas pelo atacarejo, que tem incrementado continuamente o mix de itens frescos em suas lojas.
Teixeira também ressaltou que, no caso dos perecíveis, açougue, rotisseria/comidas prontas, padaria/confeitaria, FLV e flores, são as áreas mais sensíveis para as perdas. Isto é, apresentam os índices mais elevados e, portanto, precisam de mais apoio e de ações específicas.
Quanto a não perecíveis, os principais focos devem estar voltados para gestão de estoque efetiva, gerenciamento por categoria e gestão de risco. E, que nesse caso, o maior percentual de perdas está relacionado a furtos e desvios.

Diretora administrativa e de controladoria do J Pavani Supermercados, Flavia Dutra Borges (esq.) e a diretor de Gestão de Riscos e Crises do Grupo Carrefour Brasil, Elizeu Lucena (dir.)
A diretora administrativa e de controladoria do J Pavani Supermercados, Flavia Dutra Borges, chamou a atenção para o fato de que, no contexto administrativo, o inventário é uma peça-chave, que representa o fim de um ciclo de comercialização. Daí a importância de um processo bem-feito de ponta a ponta. “Tudo precisa ser acompanhado, monitorado e fiscalizado. Uma ineficiência elevada nessa alavanca corrói o nosso lucro cruelmente”, alertou.
Por sua vez, o diretor de Gestão de Riscos e Crises do Grupo Carrefour Brasil, Elizeu Lucena, destacou a importância da pesquisa. “O que você não mede, você não consegue controlar e gerenciar. Ter essa visão sobre a eficiência operacional, com esse nível de detalhe, é muito importante tanto para uma empresa multinacional, que tem governança estruturada, quanto para a saúde dos negócios do pequeno e do médio varejista no sentido de aplicar o remédio, conforme a enfermidade.” Ainda segundo ele, no formato de contêiner em condomínios (lojas autônomas), se por um lado há redução no custo operacional, existe elevação de despesas com tecnologia no sentido de inibir furtos. Um ponto também abordado por Teixeira.
Realizado em São Paulo, nos dias 14 e 15 de abril, no Transamérica Expo Center em São Paulo, o Smart Market ABRAS 2025 é o maior encontro da comunidade de alta performance do setor supermercadista. O evento marca também a divulgação do Ranking ABRAS 2025, que faz uma radiografia das empresas do varejo alimentar, destacando quais são as dez maiores empresas do setor a cada edição.