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Embalagens de biscoito refletem a indulgência e bolso do cliente

De Administrador SH
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Pacotes tamanho família deram lugar a categoria individual e indústria traça tendências e expectativas

Nesta quarta-feira (20) é o Dia do Biscoito e a ABIMAPI (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados) divulga as informações do desempenho da categoria, referente ao ano de 2021. O levantamento realizado pela consultoria Nielsen, apontou que a indústria de biscoitos atingiu R$ 22,6 bilhões e 1,51 milhão de toneladas de produtos, aumento de 12% em faturamento e retração de 1% em volume de vendas na comparação com 2020 (R$ 20,2 bilhões e 1,53 milhão de toneladas), respectivamente.

A busca pelo sabor e indulgência são os principais responsáveis pela retomada no consumo, impulsionando o alimento em momentos de socialização. “O movimento de estocagem de alimentos, compras em maior volume com pacotes ‘tamanho família’ de biscoitos que observamos no início da pandemia em 2020 deu lugar a embalagens menores em 2021 por conta de preço unitário mais barato”, explica Claudio Zanão, presidente-executivo da ABIMAPI.

Mantendo o patamar de um milhão e meio de toneladas consumidas no Brasil anualmente desde 2019, a indústria dos biscoitos precisou de inteligência e criatividade para conseguir atravessar os momentos mais delicados dos últimos dois anos. A aposta foi certeira: biscoitos recheados e cookies em embalagens menores acabaram equilibrando as vendas da categoria com a combinação de praticidade e sabor, apontada pela Kantar Worldpanel como a receita perfeita para esse grupo de alimentos.

A mudança de rumo do setor foi ocasionada pela diminuição de oportunidades de consumo durante a pandemia. Sem encontros, as embalagens maiores e, consequentemente de preço mais alto, foram provisoriamente preteridas. O mesmo aconteceu com os biscoitos que tradicionalmente viajavam nas lancheiras das crianças, mas que acabaram perdendo a carona com a suspensão das aulas escolares.

Os biscoitos tradicionais salgados, geralmente vendidos em pacotes maiores, perderam 7% do volume de vendas e as do tipo Maria e Maisena caíram 9%, segundo o levantamento anual da Kantar. Já os biscoitos recheados, tiveram recuo de apenas 1% e os cookies, estrela da categoria em 2021, avançaram 2%.

“Os cookies têm sua participação positiva no final das contas especialmente em função de ser um item ‘premium’ acessível, uma indulgência acessível. Ele tem um desembolso mais baixo porque você tem uma embalagem menor. Você pega o preço por quilo, é um preço altíssimo, mas é o tipo da sensação do consumidor dessa indulgência já que ele tem o seu lazer impactado. O fato de ele ter menos oportunidades de estar fora do lar traz algumas indulgências, alguns benefícios para dentro de casa”. Quem explica isso é o diretor da Nielsen, Claudio Czarnobai.

“Se por um lado os cookies tiveram destaque, por outro, vários segmentos tiveram seus impactos mais fortes na diminuição do volume consumido em função do aumento de preço. É o caso de segmentos mais básicos, como água e sal e maisena. Mesmo que os preços por quilo sejam mais baixos, o aumento do preço é muito percebido pelo consumidor”, completa ele.

A diretora da Kantar, Raquel Ferreira, concorda. Ela destaca que durante a pandemia o brasileiro se permitiu passar a comprar produtos um pouco mais caros, calóricos e saborosos. É como se você olhasse para aquele item e automaticamente pensasse ‘eu mereço’. Com o relaxamento das restrições, Raquel não sugere que o sucesso desses produtos vá acabar, mas aponta que o consumo dessas descobertas e os momentos de prazer devem recuar um pouco.

“Há um esforço do brasileiro que colocou itens mais indulgentes no carrinho durante a pandemia, nós vimos isso muito fortemente nos primeiros meses de Covid, um acesso maior a essas categorias indulgentes. Agora ele se esforça para não tirar. Então ao invés de voltar o consumo ao ‘marco zero’, onde ele não comprava esses itens, ele mantém o item no carrinho, mas em menor quantidade”, diz.

GRANDES EMBALAGENS OU PACOTES INDIVIDUAIS?

Para os especialistas, a grande chave para o sucesso no mundo dos biscoitos é entender o tamanho da embalagem e o custo-benefício dela. Há alguns anos, muitos fabricantes têm reduzido o tamanho das embalagens para criar porções individuais. O movimento antecede a própria pandemia do coronavírus, mas, na opinião de Claudio Czarnobai, acabou ajudando o mercado na crise da Covid-19.

“Para o contexto atual, para o momento específico, funcionou. Agora, se é uma tendência que vai ser cravada, que vai ser mantida no médio e longo prazo, infelizmente não sabemos. No contexto da pandemia e pressão inflacionária, foi um resultado que deu certo. Pode ser que a gente esteja daqui a pouco num cenário econômico com uma inflação extremamente baixa e que volte a ter volumes maiores, privilegiando o preço por quilo, pode ser. Mas eu diria que num ano extremamente complexo como foi 2021, foi uma estratégia extremamente acertada e foi uma possibilidade de crescimento em um cenário que não indicava muito otimismo”, explica ele.

No futuro, no entanto, o diretor da Nielsen aposta na volta dos pacotões. “Como tendência de médio a longo prazo, eu diria que o aumento da opção de tamanhos de embalagem é a grande tendência. Eu não diria que o mercado vai sempre se direcionar totalmente para embalagens pequenas ou totalmente embalagens grandes, eu acho que em um mercado complexo como o brasileiro, ter essa gama da possibilidade de embalagens facilita a possibilidade de sucesso, mas por outro lado deixa muito mais complexa a operação. Você não vai conseguir colocar um saco de dois quilos em um minimercado de bairro”, pondera Czarnobai.

É justamente o canal de compra uma das principais mudanças de 2021 que deve se manter em 2022 e nos próximos anos, especialmente em grandes cidades. Raquel Ferreira sugere que o consumidor brasileiro esteja preferindo o mercado perto, rápido e pequeno ou aquele gigante, mais longe e mais barato.

“As categorias passaram a ser buscadas com mais intensidade ou nos supermercados locais, em redes próximas às residências, uma vez que o consumidor, em muitos momentos fez compras pequenininhas, ou para a compra do mês ao invés de ir em um hipermercado, supermercado, passaram a ir aos atacarejos que têm uma oferta de produtos de maior custo-benefício”, conta ela. Nos levantamentos da Kantar, a penetração dos atacarejos cresceu 12% em 2021 no país.

“Em 2022 começamos com sinais de reaquecimento da economia proporcionado pela vacinação, porém o brasileiro ainda enfrenta os impactos econômicos trazidos pela pandemia. Até o final deste ano a expectativa é de um crescimento médio de 2% em volume e de 5% em faturamento”, pontua Claudio Zanão.

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