Com 42,5 milhões de consumidores, o Brasil ocupa a terceira colocação no ranking mundial de países em consumo de apostas. Os dados são da Comscore, uma empresa dos Estados Unidos de análise de dados da internet, e também do estudo “O efeito das apostas esportivas no varejo brasileiro” da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). As conclusões mostraram que 63% de quem aposta on-line no Brasil afirma que teve parte da sua renda comprometida. Desse universo de apostadores, 23% deixaram de comprar roupas, 19% itens de mercado, 14% produtos de higiene e beleza, 11% cuidados com saúde e medicações.
“O objetivo foi avaliar o efeito desta nova indústria no Brasil, na renda e no consumo dos brasileiros. E, portanto, no chamado ‘share of pocket’ de um consumidor que tem uma única renda. Precisamos acompanhar e monitorar o crescimento de concorrentes indiretos pelo bolso do consumidor em uma economia dinâmica, que traz cada vez mais desafios”, disse o presidente do SBV, Eduardo Terra.
Leia também:
- Mais de 22 milhões de pessoas apostaram nas ‘bets’, revela DataSenado
- STF recebe segunda ação contra “lei das bets”
- Bets, não autorizadas, serão suspensas
- Google restringe anúncios de bets a empresas registradas na Fazenda
- Regulamentação das bets deve mirar endividamento e combate a vício e fraudes
- Brasileiros gastam por mês até R$ 21 bi, via Pix, em bets
- “Jogo do Tigrinho” e vício em apostas on-line colocam em xeque saúde e segurança públicas
- Mais de 1,3 milhão de brasileiros estão inadimplentes devido a bets
O material revelou ainda que mais da metade dos apostadores (51%) fazem isso ao menos uma vez na semana. E que a maioria dessas transações é feita por Pix (82%). Os cartões de crédito, que estão na sequência, respondem por 29%. Além disso, 49% dos participantes da pesquisa afirmaram ter aumentado a quantidade de apostas neste ano. Futebol é o esporte com maior concentração das apostas (77%). Atletas ou times favoritos, análise estatística e palpites de amigos são os fatores que mais influenciam os apostadores. As redes sociais (71%) constituem a principal fonte de atualização sobre notícias e eventos relacionados a essa atividade.
Confira, a seguir, outros destaques do estudo:
– Entre os apostadores, 64 % utilizam a renda principal para realizar apostas, e desses, 49% utilizam a renda extra;
– Por região do País, 84% dos apostadores do Centro-Oeste afirmam que tiveram parte da sua renda comprometida com as apostas on-line. Por sua vez, 20% disseram “sempre” se prejudicar por utilizar a renda principal em apostas;
– Quanto menor a idade, mais deixou de comprar algo que precisava/ gostaria para apostar: 28% possuem de 18 a 24 anos, enquanto apenas 5% dos respondentes de 55 a 64 anos desistiu de adquirir itens.
O material foi feito a partir de uma pesquisa quantitativa, em painel on-line com abrangência nacional, com foco nos que já fizeram apostas esportivas on-line.
A amostra reuniu 1.337 respondentes, sendo base de apostadores 508 respondentes e 829 não apostadores. A coleta de dados aconteceu de 22 de abril a 3 de maio de 2024.