Presente em seis municípios, o Cine Bom Vizinho é iniciativa dos Supermercados Pinheiro no Ceará
O Cine Bom Vizinho é uma iniciativa dos Supermercados Pinheiro, fundado por Honório Pinheiro e seu irmão. Honório Pinheiro tinha 17 anos quando adentrou um cinema pela primeira vez. Eram os anos 1970. Com origem em Solonópole (cerca de 270 km de Fortaleza), ele e o irmão migraram à Capital em busca de melhores dias. Foi quando conheceu a magia da sétima arte. O nome do filme assistido perdeu-se na memória. Como aconteceu, no entanto, ficou marcado: “Tinha que entrar de paletó. Eu tomei um paletó emprestado do meu tio, que era motorista no Tribunal de Justiça”, relembra.
Honório Pinheiro explica que sabia da relevância do cinema, mas, devido à rotina empresarial, conhecia a uma certa distância. Quando decidiu construir uma sala, surgiram as dificuldades. “Não tinha arquiteto para fazer projeto de sala de cinema. Teve que vir de São Paulo. E o Brasil não produzia projetores, os maquinários de cinema. Era ainda em fita”, assume.
Depois de superar os desafios e criar as salas, a rede de supermercado imergiu num programa educacional “A Escola vai ao Cinema”, que leva estudantes para as sessões de filmes. Até agora, foram mais de 300 mil alunos. “O acesso a cinemas no Brasil, ele se concentra nas capitais. É um mundo de telas. Você acessa aqueles conteúdos, mas a experiência na sala de cinema é única. Você não é interrompido por nada. É uma troca totalmente diferente”, avalia Bete Jaguaribe, curadora do programa.
Abrir as portas de um supermercado para o cinema, bem como suas ações sociais, é algo surpreendente no Brasil, nos conta Bete Jaguaribe. “É raro. Ando muito. Viajo, participo de muitos seminários e festivais. Sempre conto esse caso do Ceará. As pessoas perguntam: ‘é dentro de um supermercado no interior do Ceará?’. É uma experiência muito inédita. Tem coisas que só acontecem no Ceará, uma espécie de loucura que só o Ceará tem”, afirma.
A próxima edição do “A Escola Vai ao Cinema” acontece em setembro. Para Honório Pinheiro, o projeto é sinônimo de orgulho. “Como fui ao cinema pela primeira vez com 17 anos, você ter a oportunidade de mostrar uma tela de cinema para outras pessoas? Uma coisa é televisão, celular. Outra coisa e uma tela de cinema”, divide.
O empresário reafirma a importância como meio de formação, cultura e conhecimento. Ele detalha o que sente após cada sessão do “Escola vai ao Cinema”. “É o sentimento de que eu estou fazendo a minha parte. Preciso liderar multiplicadores. É gerar oportunidades que eu não tive”.