Estudo mostra que, mesmo no mercado americano, aspectos como experiência, saudabilidade e preocupação com o meio ambiente ficam em segundo plano
Por Renato Müller
Existe um bom motivo para que, em todo o mundo, a comunicação do varejo seja focada em preço: é o que os consumidores mais valorizam. E essa é uma realidade até mesmo em mercados com maior poder aquisitivo. Segundo o estudo Future Consumer Index, da consultoria EY, o número de consumidores americanos que colocam a affordability (capacidade de “caber no bolso”) como o principal fator de decisão de compra subiu 10% entre outubro do ano passado e deste ano. Um sinal claro de que, mesmo na Meca do Consumo, os clientes estão sentindo a crise.
“Uma parcela cada vez maior dos consumidores tem restrições financeiras e, por isso, eles querem aproveitar cada oportunidade de economizar. É uma prioridade para eles”, afirma Kathy Gramling, líder de Consumer Industry da EY Americas. Segundo a executiva, tradicionalmente momentos como Black Friday e Natal têm sido usado por varejistas e indústrias para impulsionar a demanda e aumentar as vendas, mas neste ano os consumidores têm buscado barganhas o ano todo, priorizando itens de primeira necessidade.
O resultado mais imediato é o crescimento da demanda por produtos de marca própria. Dois terços dos 1.500 americanos entrevistados afirmam que itens private label têm ajudado a economizar e 69% consideram os itens de marca própria tão bons quanto os de marcas líderes. No setor de alimentos, 64% dos consumidores estão dispostos a comprar produtos processados de marca própria e 63% se interessam por itens frescos com a marca do varejista.
Considerando que quase 40% dos consumidores americanos pretendem gastar menos nesta temporada de Natal em relação ao ano passado, existe uma oportunidade para o varejo se posicionar como um aliado dos clientes. “O uso de tecnologias como a Inteligência Artificial facilita a coleta e análise de dados, permitindo que o varejo antecipe as necessidades dos clientes e crie sortimentos, ofertas e experiências personalizados”, afirma Issac Krakovsky, líder de varejo da EY Americas.