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Assaí “gourmet” pode triplicar o faturamento do antigo ponto

De Administrador SH
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Nova geração de lojas convertidas do Extra no estilo “clean” busca atrair um público que gosta de serviços

Quem entrar nas novas lojas do Assaí, as primeiras que começam a ser abertas onde antes funcionavam hipermercados Extra, vai notar que houve um “banho de glamour” no velho atacarejo: se antes tudo era empilhado nas próprias caixas dos produtos, agora o visual será mais “clean”, com direito a mercadorias que antes eram só associadas a mercados de “rico”, como uma adega de vinhos completa.

Até o fim do ano, serão 40 novas unidades do atacarejo, resultado da compra de pontos comerciais da bandeira que deixou de existir, sendo que três abriram as portas esta semana, sendo duas na capital (Anhanguera Guaianases) e uma em Palmas (Tocantins). Até o fim da semana, soma-se à lista o quarto estabelecimento, no Ceará. Localizado na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, o Assaí Anhanguera é considerado um dos pontos com maior potencial de vendas dentre os que foram comprados no fim do ano passado.

Depois de 150 dias de obras, com investimento de cerca de R$ 50 milhões, o estabelecimento conta com mais de 30 mil m² de área construída, sendo mais de 8,9 mil m² de área de vendas. A unidade tem estacionamento para carros e motos com mais de 1,2 mil vagas. O espaço conta ainda com três pontos de carregamento gratuito para carros elétricos, que foram instalados em parceria com a GreenYellow.

Do lado de dentro, apesar de oferecerem mais serviços ao consumidor, as lojas seguirão obedecendo a lógica atacarejista: custo baixo e volume de vendas alto, o que garante um modelo rentável com preço baixo ao cliente. No entanto, as diferenças serão perceptíveis: a loja da Anhanguera, por exemplo, conta com açougue, empório de frios, cantinho do churrasco e padaria, além da seção de vinhos.

Pé no acelerador até o fim do ano

Até o fim do ano, o Assaí terá aberto 40 novas lojas convertidas do Extra Hiper e mais cerca de 10 lojas lançadas do zero. A companhia sinalizou aos investidores que sua margem Ebitda (medida pela geração de caixa, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) pode cair 0,5 ponto porcentual em 2022, em relação a 2021. No entanto, essa queda ainda não apareceu nos dois primeiros trimestres do ano.

Presidente do Assaí, Belmiro Gomes indica que esse dado pode aparecer no terceiro e quarto trimestres do ano. Ele explica que, além dos custos de obras, a companhia ainda se prepara para o aniversário da marca que trará uma estratégia comercial diferenciada e que pode pressionar a margem. Para o futuro, a empresa indica manutenção de margem de lucro e diluição de gastos para garantir investimentos.

“Hoje há menos ceticismo de que vamos alcançar guidance (meta)”, diz Gomes sobre as expectativas do mercado, que no início estava receoso em relação à transação dos novos pontos comerciais. Com os números do segundo trimestre de 2022 anualizados, ele entregou a meta de R$ 80 bilhões de faturamento.

A empresa prometeu para 2024 uma receita bruta de R$ 100 bilhões e, para isso, conta não só com as aberturas de 2022, mas com o restante das 61 lojas compradas do Extra que já estão confirmadas. Essas 21 lojas devem ser abertas no início de 2023, sendo que o segundo trimestre de 2023 será o primeiro com todas as conversões finalizadas.

Restam ainda 9 pontos comerciais que estavam na negociação com o Extra, mas que ainda não tiveram o aval dos donos dos terrenos ou outras permissões burocráticas para que a compra seja finalizada. Segundo Gomes, existe uma chance pequena de algumas delas ficarem de fora da companhia.

XP vê mudança do Assaí com ânimo

Analistas da XP, Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday elevaram o preço-alvo do Assai de R$ 20 para R$ 22, potencial alta de 20% em relação ao último fechamento. A atualização ocorre após uma visita a uma das novas lojas do Assaí. A recomendação de compra para o papel foi mantida.

Eles explicam que as previsões de aumento de vendas e de rentabilidade para as lojas que pertenciam ao Extra é baseado em conversões feitas anteriormente pela companhia, que entregaram esse aumento de vendas três vezes em relação aos hipermercados.

Os analistas chamam a atenção para o fato dos atacarejos terem despontado como um modelo vencedor de varejo alimentar. Segundo a Nielsen, o formato atualmente respondeu por aproximadamente 19,7% do setor em 2021, com cerca de 40% do mercado concentrado em redes menores.

Margem de lucro do atacarejo é maior, diz CEO

A expectativa da empresa é de que, nesse novo formato, a loja venda três vezes mais do que o Extra que funcionava ali, chegando a R$ 500 milhões de faturamento por ano. Para se ter uma ideia, aos investidores, o CEO Belmiro Gomes costuma dizer que lojas do Extra convertidas no passado para o formato do Assaí têm hoje 1,5 ponto porcentual a mais de margem Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) do que a companhia apresenta em seu resultado consolidado.

A margem Ebitda consolidada da empresa foi de 7,5% em 2021. Já o mesmo indicador para lojas que já foram Extra Hiper no passado e foram convertidas em Assaí, quando as duas bandeiras ainda pertenciam ao mesmo grupo, foi de 9% no mesmo ano.

Gomes, explicou, no entanto, que a participação das despesas gerais e administrativas do grupo em relação à receita líquida está em 9,5% há cerca de dez anos. Mas é possível diminuir esses gastos. “Em lojas com mais serviços, as despesas são proporcionalmente menores”, diz Gomes.

Isso porque determinados serviços são colocados nos estabelecimentos à medida em que a região em que se encontram têm demandas. Assim, as lojas compradas do Extra no fim do ano passado, que são localizadas em pontos comerciais com muito fluxo e, em boa parte, em regiões de poder aquisitivo maior, contam com mais serviços. A lógica é que o volume de vendas nesses pontos deve diluir os custos de operação mais altos.

Fonte: Talita Nascimento, Estadão

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