Da mídia nas lojas aos movimentos de fusões e aquisições, o varejo de alimentos americano pode ter grandes mudanças neste ano
Por Renato Muller
Ano novo, vida nova. Para o setor de supermercados, 2024 deverá ser marcado por 4 tendências – algumas com um grau bem alto de segurança, outras ainda como uma grande incógnita.
Na visão da consultoria americana Insider Intelligence, estes são os 4 grandes temas que irão marcar o setor de supermercados neste ano nos EUA:
- A hora do retail media
A expectativa da Insider Intelligence é que o mercado americano de retail media cresça 28,6% sobre 2023, movimentando quase US$ 60 bilhões. O uso de canais digitais deverá responder por 81,5% desse valor, mas vale destacar que os gastos com retail media dentro das lojas físicas e em canais de terceiros representará quase um quinto de todo o investimento publicitário nos canais de varejistas.
Para a consultoria, as redes de retail media desenvolvidas por empresas como Walmart, Hy-Vee, Target e Kroger irão se expandir para formatos de mídia dentro das lojas e em TVs conectadas. Algumas redes já começaram a experimentar esses formatos – e o céu será o limite.
- A Amazon continuará tentando ser supermercado
A Amazon fez em 2023 sua mais radical mudança estratégica no setor de supermercados, trazendo executivos de varejo, revitalizando sua estrutura logística e mudando o foco de suas lojas. Falamos sobre essas mudanças AQUI. A oferta de assinatura de supermercado para clientes Prime, iniciada no mês passado, foi outro passo importante nessa estratégia.
Neste ano, a empresa voltará a abrir lojas com a bandeira Amazon Fresh, com melhorias no sortimento, estoque e no design no ponto de venda. O objetivo é ganhar espaço no setor de supermercados, onde tem um market share de apenas 4,4%, e passar a bater de frente com gigantes como Walmart, Kroger e Albertsons.
- A incógnita do comportamento do consumidor
Apesar dos sinais de refreamento da inflação, ainda não está claro se os consumidores irão gastar mais neste ano ou se continuarão com um comportamento cauteloso. Para Doug McMillon, CEO do Walmart, as dívidas já contraídas e os juros em patamares elevados poderão manter o consumo deprimido, impactando as receitas e resultados dos varejistas.
Com isso, as marcas próprias do varejo deverão ter um bom ano em 2024. Dados do FMI – The Food Industry Association mostram que 96% dos consumidores compram itens de marca própria ao menos ocasionalmente e 37% o fazem para economizar dinheiro. Fatores como a qualidade dos produtos e o sabor, porém, podem fazer com que os clientes não voltem para as marcas líderes quando a situação financeira melhorar.
- O novo gigante na praça: Kroger-Albertsons
Faz mais de um ano que as redes supermercadistas Kroger e Albertsons anunciaram a intenção de fundir suas operações. O sinal verde do FTC, a autoridade antitruste americana, ainda precisa ser dado, mas a Kroger afirma que é somente questão de tempo.
O impacto da fusão pode ser dramático, pois criará uma empresa que alcança mais de 85 milhões de residências nos Estados Unidos a partir de milhares de lojas físicas – uma estrutura com a qual somente o Walmart consegue rivalizar. Mais importante, a fusão fará com que a nova empresa tenha uma quantidade incrível de dados primários dos clientes, o que aumentará sua capacidade de fazer retail media e gerar novas fontes de fidelização, vendas e lucros.