A XP Investimentos realizou sua primeira Conferência XP Cash&Carry, reunindo representantes de empresas listadas em bolsa, como Assaí (ASAI) e Grupo Mateus (GMAT), além de importantes nomes regionais do atacarejo, como Atakarejo, Grupo Koch, Super ABC e Tenda. A programação também contou com a participação da Kicaldo, trazendo a perspectiva da indústria, e da NielsenIQ, com dados de inteligência de mercado.
O encontro proporcionou uma visão estratégica 360º do setor de cash & carry, com análises sobre comportamento de consumo, desempenho financeiro, competitividade e perspectivas de crescimento. Entre os principais pontos abordados, destacam-se:
Renda apertada ainda limita consumo, mas regionais se destacam
O cenário macroeconômico, com renda disponível pressionada, ainda impacta o desempenho do varejo alimentar. Apesar disso, algumas redes regionais vêm apresentando crescimento robusto em vendas mesmas lojas (SSS), superando até os resultados de grandes grupos listados no acumulado do ano.
Tendências seguem estáveis no segundo trimestre
Segundo os participantes, não houve mudanças significativas nas tendências de curto prazo (ST). Os efeitos de calendário — como o adiamento da Páscoa e as ações de doação e reposição de estoques devido às enchentes no Rio Grande do Sul — impactaram os resultados pontualmente, mas as tendências de vendas seguem alinhadas ao primeiro trimestre.
Ambiente competitivo, mas racional
A concorrência no setor segue intensa, porém racional. Não foram observadas grandes alterações nas estratégias de preços ou condições comerciais, embora as redes monitorem os movimentos dos concorrentes para manter a competitividade.
Desafios com mão de obra persistem
O setor enfrenta alta rotatividade e absenteísmo, o que tem levado as empresas a implementar ações como bônus de assiduidade e jornadas mais flexíveis para atrair e reter talentos.
Venda de medicamentos OTC pode representar novo marco
A possível liberação da venda de medicamentos isentos de prescrição (OTC) em supermercados foi tratada como um potencial divisor de águas. O Assaí já estuda o tema e considera a medida uma prioridade, caso seja regulamentada.
Marca própria enfrenta entraves logísticos e tributários
Embora vista como uma alavanca de competitividade, a marca própria ainda enfrenta barreiras, principalmente ligadas a custos logísticos e à complexidade fiscal, o que reduz sua atratividade para algumas redes.
Expansão segue orgânica; fusões ainda no radar futuro
A maior parte das empresas está concentrada em crescimento orgânico, com a Nielsen apontando uma desaceleração no ritmo de abertura de lojas. Fusões e aquisições seguem como um tema estratégico de médio prazo.
Marketplaces ainda não ameaçam diretamente o setor
Segundo os participantes, os marketplaces ainda não representam uma concorrência direta relevante, já que grande parte das vendas alimentares nesses canais vem de varejistas tradicionais. No entanto, plataformas como Shopee e Shein já despontam com alternativas mais baratas, o que pode alterar o cenário no futuro.
A XP mantém sua recomendação de compra para as ações de Assaí (ASAI) e Grupo Mateus (GMAT), destacando o potencial de valorização no médio e longo prazos, à luz dos fundamentos e estratégias debatidos na conferência.