Já são bem conhecidos de todos nós os tradicionais formatos de loja de alimentação como supermercado, hipermercado, supermercado de vizinhança, loja de desconto, loja gourmet, loja de conveniência, entre tantos outros. Mas há hoje um pouco mais, há uma infinidade de variações desses formatos que, não necessariamente, são batizados ou às vezes estranhamente batizados.
Então esbarro com essa nova palavra, Grocerant, que está batizando um novo conceito de loja. Mas só a palavra é nova, pois o conceito já existe há algum tempo. Vi essa palavra pela primeira vez em um artigo de revista. Depois, lançaram nos Estados Unidos uma revista com esse nome. Recentemente soube de uma convenção no país com foco neste tema. Aí fui pesquisar para ter informações, para aprender sobre essa novidade.
Pesquisei essa revista e assisti vídeos sobre as duas últimas convenções deles. Ainda não sei muito sobre essa nova ideia, mas deixe-me passar para vocês o que aprendi.
O que é Grocerant?
” Is a grocery store that sells prepared meals either for eating on site or taking home”. Tradução literal: “Um supermercado que vende pratos prontos para você comer no local ou levar para casa”. Sabemos que isso não é nenhuma novidade, pois a maioria dos supermercados americanos e europeus, bem como os nossos, já há algum tempo trabalham com pratos prontos, com rotisserias além de terem área especial para o consumo na loja.
Já ia esquecendo. Esta Grocerant também faz refeições em sua casa ou em sua empresa. Isso é chamado de catering.
A diferença que vejo hoje é que o termo parece querer superlativar essa tendência de “solução de refeição” como se fosse quase um novo formato de loja. Tentando ser bem específico na definição desse formato ou conceito eu diria que: é um supermercado com forte foco em pratos prontos para que, além de ser um varejista de alimentos, também opere como um serviço de alimentação (food service), em que os clientes podem optar por comer no local, como se fosse um restaurante, um fast-food, ou levar a refeição pronta ou semipronta para casa.
Foi uma definição longa, mas deixa claro sobre o que significa o conceito. Quanto ao nome, me parece que deve ter sido construído a partir do uso das primeiras letras de grocery com as últimas de restaurant. É uma inferência minha, mas parece ser bem razoável.
O melhor exemplo que me lembro deste tipo de loja é o Eataly, já conhecido dos paulistanos, bem como o conceito gourmet do Whole Foods. Para que minha afirmação seja aceita, de que a ideia é antiga, a loja com essas características que mais me impressionou foi o Eatzi’s de Dallas, que conheci em 1998 e revisitei em 2012, que operava as seções de padaria, carnes, vinhos, rotisseria, pratos prontos, com grill para preparar carnes, padaria, sanduicheira, frutas e verduras, e tudo em uma área de vendas de 500 m², e ainda tinha 10 mesas externas para uso dos comensais. Na época era um conceito, um formato sem nome. Agora tem.
Como eu disse, só a palavra é nova e foi criada para designar uma loja de alimentação bem especial e muito atual. Grocerant parece ser o futuro do varejo alimentício?
Há uma loja indiana em Newburgh, que se classifica como tal dizendo ser um supermercado e um restaurante e muito mais, e que é o futuro do nosso negócio. Towne Market se especializou em ser um pequeno supermercado, além de um restaurante, entregar em domicílio, vendendo refeições prontas ou fáceis de terminar, e até mesmo podem preparar a refeição cozinhando em sua casa.
Além de uma pequena mercearia e alguns perecíveis, oferece um cardápio focado em pratos saudáveis e naturais. As grandes redes também têm esse serviço, mas a diferença é que ele oferece produtos gourmet e não os tradicionais e simples oferecidos pelas redes de supermercado.
Lojas como Santa Maria ou Santa Luzia, em São Paulo, oferecem uma linha de pratos prontos com excelente qualidade, mas parece estarem distantes dessa nova proposta de um formato, que primordialmente quer vender solução de refeição e um pouco de mercearia e perecíveis, e não o contrário.
*Antonio Carlos Ascar é estudioso das tendências mundiais do varejo de autosserviço. Graduado e pós-graduado em Administração de Empresas pela FGV (SP), e especialização em Empreendedorismo pela Babson College de Boston (EUA). É autor do livro Glossário Ascar de Termos Supermercadistas e do livro Distribuindo as Camisas, (à venda nos sites www.submarino.com.br e www.extra.com.br). Por 31 anos foi diretor executivo do Grupo Pão de Açúcar, implantou diversos formatos de loja como: Extra, Minibox, Superbox, Peg Faça, Express, entre outros. Atualmente é consultor e sócio diretor da Ascar & Associados, empresa de consultoria que atua na prestação de serviços a redes supermercadistas. Ascar é também consultor de varejo da Abras e articulista da revista SuperHiper, publicação da Abras. www.ascarassociados.com.br
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