A banana é a fruta fresca mais consumida no mundo. Além de maior consumidor mundial, o Brasil é o quarto maior produtor, com 6,6 milhões de toneladas produzidas em 455 mil hectares, metade originária da agricultura familiar. O setor fatura cerca de R$ 13,8 bilhões por ano e gera 500 mil empregos diretos.
Devido ao seu preço acessível, a banana tem importante papel social. Por essas e outras razões, é mais do que oportuno comemorar o Dia Mundial da Banana, celebrado em 22 de setembro.
Há anos, a unidade Mandioca e Fruticultura da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem investido em estudos voltados a tecnologias mais limpas e que propiciem condições de produção diferenciada, sem agressão ao meio ambiente, condicionando qualidade e produtividade a material genético superior. São objetivos permanentes da unidade de pesquisa a redução de perdas na pós-colheita, a minimização dos efeitos danosos nos diferentes agroecossistemas, o estabelecimento efetivo da agricultura familiar e a elaboração de novos sistemas de produção direcionados para o desenvolvimento sustentável do homem no campo. E, também, esforços têm sido dedicados à produção integrada e orgânica de banana.
Bioplástico
A cadeia de valor da banana, em particular, gera uma quantidade significativa de subprodutos que, atualmente, são subutilizados ou descartados indevidamente, resultando em perdas e problemas ambientais. De acordo com pesquisadores brasileiros, para cada tonelada de banana processada, podem ser gerados até 417 kg de cascas.
Daí partiu a motivação dos pesquisadores de reduzir o lixo gerado pelo descarte da casca, aproveitando-a integralmente, inclusive seus inúmeros compostos bioativos, como os fenólicos, e a pectina, um importante polissacarídeo que pode ser utilizado na produção de filmes biodegradáveis.
Nessa direção, pesquisadores da unidade Instrumentação da Embrapa e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) têm desenvolvido estudos com a casca de banana para criar filmes bioplásticos com potencial de aplicação como embalagens ativas de alimentos. Por meio de um processo simples, com pré-tratamentos que envolvem apenas água ou uma solução ácida diluída, os pesquisadores converteram integralmente cascas de banana em filmes bioplásticos com excelentes propriedades antioxidantes, proteção contra a radiação ultravioleta (UV) e sem gerar resíduos. O estudo tem apoio também da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Os filmes tiveram desempenho igual ou até melhor do que muitos bioplásticos preparados de forma semelhante, a partir de outros tipos de biomassa, mas por meio de outros métodos, incluindo processos mais complexos, caros e demorados, portanto, menos produtivos, para a transformação de resíduos agroalimentares.
Preparado em escala de laboratório, o filme de cor amarronzada e espessura micrométrica, pode ser usado como embalagem primária de produtos propensos a reações de oxidação. Os resultados promissores obtidos experimentalmente encorajaram os pesquisadores a dar continuidade aos estudos para melhorar ainda mais algumas propriedades do filme. Entre elas, estão as de interação com a água, um desafio da pesquisa devido à alta afinidade por água das moléculas presentes na biomassa.
Aproximadamente um ano e meio, os pesquisadores pretendem desenvolver o filme bioplástico em escala-piloto para tornar o processo ainda mais interessante do ponto de vista industrial.
Fontes: Embrapa Mandioca e Fruticultura/ Agência FAPESP