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Uso de reconhecimento facial para evitar crimes gera polêmica no Reino Unido

ONG de proteção à privacidade questiona uso da ferramenta; crimes no varejo triplicaram nos últimos cinco anos

De Redação SuperHiper
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Por Renato Müller

A rede britânica de supermercados Asda recebeu mais de 5 mil reclamações por causa dos testes de uma tecnologia de reconhecimento facial em tempo real nas lojas. A partir de uma campanha promovida pela Big Brother Watch, ONG focada na proteção da privacidade que considerou os testes “profundamente desproporcionais e arrepiantes”, consumidores se movimentaram para expressar seu desagrado.

No mês passado, a Asda anunciou um teste em 5 supermercados na região de Manchester, em que os rostos dos clientes, capturados pelas câmeras do circuito interno de TV, são escaneados e comparados com uma lista interna formada por indivíduos suspeitos (mas não necessariamente julgados pela Justiça) de envolvimento em roubo, violência e/ou fraude contra a varejista. Quando um rosto é identificado pelo sistema automatizado, um membro do time de segurança da Asda confere o resultado e alerta a loja em questão de segundos.

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Para Madeleine Stone, sênior advocacy officer da Big Brother Watch, o uso da tecnologia transforma os consumidores em suspeitos de crimes. “A Asda está adicionando os consumidores a uma lista de observação sem seguir nenhum processo legal, fazendo com que elas possam ser consideradas criminosas mesmo que sejam inocentes”, afirma. “O reconhecimento facial tem problemas já documentados de precisão e viés, o que já levou a casos embaraçosos de pessoas inocentes sendo marcadas publicamente como criminosas”, alerta.

Questionada pelo portal britânico The Grocer a respeito da polêmica, a Asda não respondeu às reclamações da ONG, mas disse que recebeu menos de 100 reclamações de consumidores sobre os testes. “O aumento dos furtos, das ameaças e da violência contra trabalhadores do varejo nos últimos anos é inaceitável. Como uma empresa responsável, precisamos avaliar todas as possibilidades de reduzir o número de casos em nossas lojas e proteger nossos colaboradores”, disse Liz Evans, Chief Commercial Officer da Asda.

As 5 lojas que participam dos testes contam com sinalização informando sobre o uso da tecnologia, de acordo com as regras da lei de proteção de dados britânica (GDPR). Para Mark Hodgson, VP da Associação dos Investigadores Britânicos, porém, testes desse tipo levantam questões éticas. “Uma preocupação importante diz respeito à permissão dos clientes para que suas imagens sejam capturadas. Se o reconhecimento facial é implementado sem um mecanismo claro de opt out, pontos como autonomia individual e capacidade de escolha ficam em suspenso”, afirma.

O fato é que, em meio às polêmicas, o uso do reconhecimento facial como ferramenta anticrime vem crescendo. Redes como Home Bargains, Southern Co-op, Morrisons, Budgens e Costcutter estão usando a tecnologia, utilizando um banco de dados nacional com informações de criminosos em vez de uma base proprietária de informações. Em uma loja de conveniência da Morrisons em Northampton, o uso da tecnologia desde 2023 diminuiu em 90% a incidência de crimes no ponto de venda. Por outro lado, varejistas já foram processados por clientes injustamente acusados de furto.

Segundo dados do British Retail Consortium (BRC), atualmente há mais de 2.000 incidentes de violência ou abuso contra colaboradores do varejo todos os dias no Reino Unido, três vezes mais que em 2020. A Asda disse ter tido mais de 1.400 casos de ataques contra colaboradores e furtos, que custaram 500 milhões de libras no ano passado.

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