As mudanças e transformações exigem do supermercadista uma resiliência constante, afirmou Sajal Kohli, líder global de varejo e bens de consumo da McKinsey
Trabalhando há quase 30 anos com supermercados, Sajal Kohli, líder global de varejo e bens de consumo da McKinsey, sócio sênior em Chicago, afirma que todas as métricas operacionais dos supermercados vão mudar. As transformações começam a surgir e no máximo em dois anos estarão por todos os lados, em todos os continentes, disse o palestrante internacional da Convenção ABRAS 2022.
Em março de 2020, começou-se a observar o sentimento do consumidor em 40 países, incluindo o Brasil. “Fazemos isso a cada duas semanas. É fatal que vai acontecer mas não dá para dizer os impactos que trarão à sociedade de consumo, explicou.
O especialista citou algumas tendências para os supermercados do mundo todo: a semelhança entre as lojas e os clientes é muito grande em qualquer parte do mundo.
Constatou-se durante a pandemia junto aos empresários supermercadistas de todos os continentes:
1 – Resiliência para pilotar as adversidades do mercado que voltarão a ocorrer;
2 – Entender como pensam os consumidores que hoje buscam alimentação mais saudável, eles querem pagar mais por isso? Vão conseguir arcar com esses custos?
3 – Expectativa omnicanal dos consumidores;
4 – Surgimento dos consumidores com consciência ambiental. A tendência será global e devemos nos antecipar porque vai chegar ao Brasil.
5 – Qual o ecossistema para os supermercados? Em geral, no mundo todo tem entre 3,5 e 4,5% dos nossos negócios, mas isso pode crescer satisfatoriamente. A expansão pode levar o segmento para outras oportunidades, com uma estrutura de lucro muito diferente.
Perante a sociedade, o supermercado detém uma confiança incrível que pode e deve ser explorada para aumentar e diversificar os lucros.
Durante toda a pandemia, falamos com mais de 200 CEOs a cada dois meses, onde o otimismo passava longe. Em 2021, só 17% pensavam que o mundo ia melhorar. Existe uma preocupação geral no mundo sobre o que vai acontecer.
Empresários do setor acreditam que a inflação e os choques nas cadeias de suprimentos vão afetar a todos de forma generalizada. Segundo Sajl, o hábito do consumidor de comprar em 3 ou 4 lugares diferentes em busca do melhor preço, está criando uma pressão sobre as margens de lucro.
Uma luz no fim do túnel para o varejo de alimentos, na percepção do especialista é a entrega da última milha. Um fato palpitante em todas as economias diz respeito ao operador de última milha, que cria mais valor no setor. Os investidores estão valorizando muito o last mille.
De 2020 para cá, a variação dos preços começando pelas comodities vai se estender por conta da cadeia de suprimentos.
A resiliência é muito importante para os executivos da área de Varejo de Alimentos.
O que fazer?
– Entender o consumidor: dentre os 40% mais pobres dos EUA, gasta mais de 40% da sua renda mensal para a sobrevivência.
– Investir na personalização – supermercados são o único braço do varejo que não exploram apps, super aplicativos. Quando o consumidor é pressionado pela inflação com alta dos preços e gasta de forma diferente, a personalização é o número 1.
– Como a inflação mostra o crescimento dos negócios? Qual é a estratégia integrada com a inflação para melhorar o caixa?
– Ideia de autofinanciar – é preciso reiniciar a estrutura de custo para financiar esse crescimento. Em uma ponta, o consumidor sofre com a inflação, na outra você tem que encontrar recursos para seguir crescendo.
– Dependendo de onde você se encontra, a concorrência mereça estratégias ofensivas ou defensivas.
– Criar um modelo ágil para tomada de decisões. Os supermercados têm 9 camadas e meia até chegar ao consumidor, o Google tem três.
– Em 2026, os millenials vão ter mais poder de compra nos Estados Unidos do que baby boomers. Essa mudança crítica vai acontecer na índia, china , eua , brasil.
Tem o envelhecimento e a saúde. Todo mundo está procurando valor, promoção, preço mais baixo, produto mais saudável.
Qualidade todo mundo quer comprar, mas são as famílias com renda maior que gastam mais. O comerciante precisa decidir qual consumidor quer atingir.
Por ultimo, a sustentabilidade , ver a margem prometida e em diferentes categorias, 75% dos produtos vendem menos de uma unidade por semana. O custo financeiro é muito alto e não compensa.