O ESG não é mais um conceito no varejo alimentar. Tornou-se prática, envolvendo ações para reduzir perdas, descartes e impacto ambiental. Mas qual é, de fato, o nível de relevância que a sustentabilidade tem para o seu consumidor, ainda mais diante de um evento como a COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que aconteceu recentemente, em Belém (PA).
Basicamente há perfis de consumidores em relação à sustentabilidade: eco-actives, comprometidos e atuantes; eco-considerers, que se preocupam, mas nem sempre transformam essa preocupação em ação; e eco-dismissers, que demonstram baixo engajamento com o tema.
Apesar da preocupação com o meio ambiente, o esforço para manter hábitos sustentáveis tem perdido força diante das pressões sociais e econômicas. Prova disso é que 36% dos consumidores latino-americanos afirmam que se tornou mais difícil agir de forma sustentável, e apenas um terço reconhece sua própria responsabilidade pelos danos ambientais, enquanto a maioria (40%) atribui a culpa às indústrias.
Também há queda entre as pessoas mais engajadas: os eco-actives passaram de 28% em 2024 para 22% em 2025, enquanto os eco-dismissers cresceram de 38% para 40%.
Nesse cenário, o Brasil se destaca com a maior proporção de eco-dismissers da região, abocanhando 66%. Embora a preocupação com as mudanças climáticas impacte 45% da população, questões
econômicas e a falta de informação ainda são barreiras significativas. Sediar a COP30, inclusive, coloca o País em posição estratégica para reverter essa tendência.
As empresas que souberem estender a mão a esse consumidor em transição terão não apenas resultados de negócio, mas também reconhecimento como agentes de confiança e transformação. Para ter uma ideia, eles movimentam 31,8 bilhões de euros no mercado de bens de consumo massivo e 40% tentam adotar práticas mais sustentáveis. O desafio está nas lacunas de informação: 10% nunca compraram produtos com materiais reciclados, mas gostariam de fazê-lo e 10% demonstram o mesmo sobre ingredientes locais.
A falta de conhecimento sobre reciclagem também é um obstáculo, uma vez que 47% não entendem as etiquetas e 51% não sabem o que fazer com embalagens biodegradáveis. Essa falta de clareza se reflete no baixo índice de reciclagem de materiais como pilhas e baterias (64%), vidro (58%) e alumínio (55%).
Os dados acima são do estudo “Sustentar para Ganhar”, da Worldpanel by Numerator. O material é baseado em mais de 15 mil entrevistas realizadas em nove mercados da América Latina. São eles: a América Central (Costa Rica, El Salvador, a Guatemala, Honduras, a Nicarágua e o Panamá), a Argentina, a Bolívia, o Brasil, o Chile, a Colômbia, o Equador, o México e o Peru.