Em Atlantic City, EUA, governo e hospitais criam alternativas para oferecer aos consumidores acesso a itens essenciais a uma alimentação saudável
Por Renato Müller
Todos os anos, os cassinos de Atlantic City, em Nova Jersey, movimentam por volta de US$ 5 bilhões. Ainda assim, existe hoje um total de zero supermercados na cidade: é preciso dirigir até o continente (a cidade fica em uma ilha), se deslocar várias milhas de ônibus ou viver à base de alimentos ultraprocessados vendidos em lojas de conveniência.
Para corrigir o problema, que impacta fortemente a população de baixa renda, e atenuar o problema de saúde pública trazido pela ausência de acesso fácil a alimentos in natura, foi criado o programa Virtua Health. Uma parceria da agência estadual New Jersey Economic Development Authority com hospitais da região desenvolveu um ônibus-supermercado, que percorre a cidade para oferecer alimentos frescos para a população local a preços de 30% a 50% abaixo dos preços normais no continente.
A medida foi tomada depois que o plano de inaugurar um supermercado na região – seria o primeiro em 20 anos – naufragou, mesmo com fortes incentivos públicos. A solução pretende contribuir para que Atlantic City deixe de ocupar a segunda posição entre os 50 “desertos alimentares” de Nova Jersey – regiões sem acesso fácil a alimentos frescos.
“Nós vamos diretamente às comunidades, em vez de fazer com que as pessoas gastem US$ 25 em táxis para ir e voltar. Esse dinheiro acaba se revertendo em alimentação de qualidade”, explica April Schetler, gestora do programa Virtua Health. A iniciativa vem sendo ampliada de outras formas: a AtlanticCare, uma rede hospitalar da região, implementou um supermercado móvel ao seu programa alimentar, que também inclui aulas de educação, saúde, culinária e incentivos para a compra de alimentos saudáveis.
Foto: Divulgação (https://givetovirtua.org/initiatives/eat-well/)