Sortimento nas lojas americanas está até 20% abaixo dos níveis pré-pandemia, mas especialistas veem vantagem nessa abordagem
Por Renato Muller
A pandemia provocou um efeito curioso nos supermercados: com as dificuldades logísticas e o isolamento social, as empresas reavaliaram seus sortimentos, chegando a tirar das lojas boa parte do mix – o que não fez falta para os clientes.
Grandes supermercadistas americanos reduziram sua oferta de produtos em várias categorias desde 2020, o que resultou em diminuição de custos, menos desperdícios e menos complexidade operacional. Esse movimento também foi adotado pela indústria: a Coca-Cola, por exemplo, cortou pela metade a variedade de bebidas à disposição do varejo, otimizando seu sortimento para os itens mais lucrativos.
“A mentalidade atual é de correr o risco de perder uma parte da demanda potencial, em vez de investir demais em muita variedade e ter excesso de estoque”, afirma Inna Kuznetsova, CEO da ToolsGroup, fornecedora de software de planejamento e otimização da cadeia de abastecimento.
Segundo dados da Circana, em 2019 novos itens representaram 5% dos produtos disponíveis nas lojas em categorias como beleza, calçados e brinquedos. No ano passado, esse índice caiu para apenas 2%. Já de acordo com a Shelf Engine, especializada na automação de pedidos para supermercados, grandes redes do setor reduziram sua oferta de hortifrutis entre 15% e 20%. “O corte no sortimento melhorou a eficiência operacional, o que, no fim das contas, se traduziu em uma melhor experiência para os clientes”, afirma Stefan Kalb, CEO da empresa.