Por Renato Müller
O anúncio de uma tarifa de pelo menos 10% sobre produtos de mais de 100 países (o Brasil ficou nessa cota mínima, enquanto a escalada comercial com a China ameaça gerar taxas de mais de 100% sobre seus produtos) tem preocupado as redes americanas de supermercados. O reajuste nas prateleiras será inevitável no curto prazo, apertando ainda mais o cinto de consumidores que já vinham se queixando da alta do custo de vida.
“Vimos passos positivos nos últimos meses, no sentido de reduzir barreiras regulatórias desnecessárias no nosso setor. Por outro lado, estamos preocupados com o aumento dos preços que virá com as novas tarifas, pressionando os orçamentos familiares e diminuindo a competitividade das empresas americanas”, disse Leslie G. Sarasin, presidente do FMI – The Food Industry Association. Para a executiva, as incertezas e as pressões inflacionárias criadas pelas tarifas recíprocas são uma preocupação importante para um setor que opera em margens estreitas – em media 1,6% para os supermercados e 7,5% para os fabricantes.
Os números já começam a demonstrar o impacto negativo das medidas. O relatório Grocery Shopper Snapshot de março do FMI mostra que 54% dos consumidores afirmam que o aumento das tarifas sobre produtos importados é a maior preocupação relacionada ao preço dos alimentos – um aumento de 5 pontos percentuais desde janeiro.
“Nosso sistema de alimentação está super conectado aos mercados globais, incluindo produtos que não são fabricados nos EUA, como bananas e itens sazonais. Essa rede global mantém os preços mais baixos e permite que os consumidores tenham acesso, o ano todo, a produtos nutritivos e seguros”, analisa Leslie.