Por Renato Müller
Os supermercados dos Estados Unidos seguem mostrando força em 2025, mesmo diante de um cenário desafiador. Segundo o relatório “Grocery in 2025: Visitation Trends and Consumer Behavior”, recentemente divulgado pela Placer.ai, o segmento registrou crescimento praticamente uniforme nas visitas ao longo dos últimos 12 meses, mesmo com a confiança do consumidor em queda e a inflação pressionando os preços dos alimentos para consumo em casa.
Nesse cenário, a expansão de redes foi fundamental: o crescimento total de visitas superou o aumento de visitas por loja, indicando que novas unidades atraíram fluxo sem canibalizar as antigas. Além disso, o número médio de visitas por loja também subiu, reforçando a vitalidade do canal físico.
O comportamento do consumidor mudou: desde 2021, o tempo médio de permanência nas lojas caiu, enquanto o número de visitas aumentou. Isso reflete uma tendência de compras menores e mais frequentes, com consumidores buscando promoções em diferentes varejistas e complementando compras online com passagens rápidas pelas lojas. O relatório recomenda que operadores invistam em layouts otimizados e áreas de “grab-and-go”, já que a eficiência nas compras rápidas se tornou essencial.
Mesmo com a concorrência de atacarejos, discounters e grandes varejistas, os supermercados tradicionais mantiveram sua participação no total de visitas para alimentação em casa. Entre o primeiro trimestre de 2019 e o mesmo período de 2025, a fatia de visitas dos supermercados permaneceu praticamente estável, enquanto atacarejos e discounters cresceram principalmente às custas de grandes redes generalistas como a Target.
Nacionalmente, os supermercados ainda são responsáveis pela maior parte das visitas para compras de alimentos, com destaque regional para estados como Oregon (61,6% das visitas), Washington (59,6%) e Massachusetts (59,2%). Já em estados como West Virginia, Arkansas e Dakota do Sul, menos de 30% das visitas para alimentação em casa acontecem em supermercados, indicando que existe espaço para estratégias de preço e conveniência nessas regiões.
O estudo também aponta para o crescimento de formatos fresh (como Trader Joe’s, Whole Foods e Sprouts), que em 2025 já capturam 20,2% do público que trabalha de casa, tornando-se destino de almoço rápido. Redes focadas em valor, como Aldi e WinCo, continuam ganhando espaço, impulsionadas pela busca por economia. O segmento étnico, especialmente os supermercados hispânicos, vem crescendo de forma consistente desde 2021.
Outro dado relevante é o desempenho das lojas menores: supermercados com menos de 2700 m2 de área tiveram alta de 3,2% nas visitas no primeiro trimestre de 2025, superando formatos maiores. Isso reforça a preferência do consumidor por conveniência e agilidade, sugerindo oportunidades para lojas de bairro, curadoria de sortimento e facilidades como estacionamento e retirada rápida.
Para a Placer.ai, o sucesso passa por inovação em formatos, foco em conveniência, segmentação de público e adaptação rápida às mudanças de comportamento. Em um cenário competitivo e dinâmico, a capacidade de leitura de dados e resposta ágil será o diferencial para manter e ampliar a relevância dos supermercados no varejo alimentar.