Por Renato Müller
Pela primeira vez na história, as vendas do varejo supermercadista da Alemanha ultrapassaram a marca de 200 bilhões de euros. Em 2023, o setor movimentou 204,5 bilhões de euros, quase 5% mais que no ano anterior. O desempenho foi impulsionado pelas lojas focadas em descontos (hard discount), com avanço de quase 7% na comparação anual. Os dados são do relatório “Handelsdaten Aktuell 2024”, da associação de varejo EHI.
O grande fator no comportamento das vendas do varejo alimentar alemão é a inflação. Em 2023, os alemães viram o preço da cesta média de produtos saltar quase 12%, levando a uma busca intensa por formatos baseados em valor e diminuindo os investimentos das empresas em expansão. Ao longo do ano passado, somente 175 supermercados foram convertidos e 46 foram construídos.
Com isso, o formato hard discount, que tem redes como Aldi, Lidl e Netto como principais representantes, já responde por 46,3% do faturamento do setor – um ponto percentual mais que em 2022. A seguir vêm os supermercados tradicionais, com 42,2%, seguidos pelo cash & carry, com apenas 9,3%.
“Os supermercados são o setor mais estável e forte do varejo. As mudanças na participação de cada tipo de loja nas vendas do setor refletem as alterações do comportamento de compra dos consumidores, conforme eles reagem às crises globais”, afirma o gestor da EHI, Marco Atzberger.
De forma muito lenta, o setor de supermercados vem diminuindo o número de pontos de venda na Alemanha: entre 2013 e 2023, houve uma queda de 5% na quantidade de lojas em operação, para 36.858. Dessas, pouco mais de 16 mil são hard discount e 12.215 são supermercados tradicionais. No total, os supermercados somam 37,3 milhões de metros quadrados de área de vendas no país.