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Saúde e bem-estar criam nova realidade para o varejo

ABRAS’25 food retail future mostra que a fidelidade às marcas depende da entrega de alimentos mais saudáveis para os clientes

De Redação SuperHiper
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Por Renato Müller

O aumento da procura por uma vida mais saudável tem transformado as relações de consumo. Segundo o estudo Future Consumer Industry, da consultoria EY, 35% dos consumidores brasileiros consideram a saúde física e o bem-estar como fatores-chave na compra de alimentos e bebidas.

O resultado é uma mudança estrutural na relação entre saúde e varejo. “Os consumidores estão repensando suas decisões de compra a partir de aspectos ligados à saúde. Isso faz com que indústria e supermercadistas tenham que revisar seu portfólio, reposicionar marcas, complementar o mix, antecipar novas prioridades nutricionais e repensar a experiência de consumo”, analisa Cristiane Amaral, sócia-líder da EY na América Latina para as áreas de Varejo e Bens de Consumo.

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Em seu painel no segundo dia do ABRAS’25 food retail future, a executiva mostrou que 56% dos brasileiros dizem estar dispostos a mudar ou já mudando decisões de marca ou canal varejista por causa de saúde e bem-estar. Com isso, o supermercadista que não estiver atento poderá perder clientes. “Em categorias como alimentos frescos, bebidas não-alcoólicas, snacks e comida processada, o consumidor tem se mostrado muito disposto a mudar de loja se não encontrar algo que atende sua necessidade de saúde”, enumera Cristiane.

Por isso, não basta ter o produto no estoque: é preciso apresentá-lo ao cliente de uma forma clara, compatível com a missão de compra. “Muitos ainda organizam a loja por itens e não por ocasião de consumo. Isso pode ter um impacto muito grande na fidelidade do consumidor às marcas”, alerta a executiva.

Com o crescimento do uso de medicamentos análogos ao GLP-1, como Ozempic e Mounjaro, essas questões se tornam ainda mais importantes. Segundo a EY, a adoção dessa categoria de medicamentos saltou de 9% para 16% no último ano e 61% dos usuários buscam esses produtos para melhorar sua saúde. Isso tem levado a uma redução média de 5% nos gastos em supermercados, o que tem um impacto relevante nas vendas e margens do varejo. “Repensar o portfólio do supermercado é muito importante para atender a essas novas demandas dos consumidores”, complementa Cristiane.

Para Priscilla Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk, saúde e supermercados têm uma conexão direta. “A saúde começa na mesa e o varejo tem um papel essencial nessa jornada”, acredita. Para a executiva, o acesso amplo à informação sobre saúde passa pela indústria e pelos supermercados. “No passado só se ensinava sobre saúde dentro do consultório médico. Hoje, o consumidor tem informação a toda hora e vem revendo seus hábitos para viver melhor. Todos que se relacionam com os clientes podem contribuir nesse processo”, afirma.

A Kellanova é um exemplo de indústria que tem procurado fazer sua parte. Acompanhando as tendências de comportamento dos clientes, a empresa vem revisando as fórmulas de seus produtos, diminuindo o teor de açúcar e sódio e tornando seu portfólio mais saudável sem abrir mão do sabor. “Não acreditamos em indulgência versus saúde. É possível entregar produtos saudáveis e saborosos para diferentes ocasiões de consumo, de acordo com os hábitos e necessidades dos clientes”, analisa Alberto Raich, vice-presidente e gerente geral da Kellanova Brasil.

Para Cristiane Amaral, saúde e alimentação estão convergindo. Nesse cenário, os supermercados podem se transformar em plataformas de bem-estar e serviços para os consumidores. “É preciso estar aberto à inovação e buscar parcerias com a indústria para desenvolver sortimento, organização de loja e soluções que atendam, com transparência e informação, ao que o consumidor demanda”, completa.

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