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Resíduos sólidos: de passivos a ativos das empresas

A ideia, debatida durante o 5º FCNA ABRAS, é destinar esses materiais aos biodigestores no lugar dos aterros sanitários e lixões, e, assim, gerar energia, promovendo sustentabilidade

De Redação SuperHiper
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Por Redação SuperHiper

De resíduos geradores de passivo ambiental a insumos capazes de produzir energia limpa e promover sustentabilidade, colaborando para a economia circular. Essa foi a proposta apresentada durante o 5º Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento (FCNA) ABRAS realizado em 10 de junho, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília. A ideia é destinar resíduos sólidos aos biodigestores no lugar dos aterros sanitários e até lixões. 

Participaram dos debates, mediados pela jornalista Rosana Jatobá, o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir), Alexandre Horta; o secretário nacional do Meio Ambiente, Adalberto Maluf; o primeiro vice-presidente da ABRAS e diretor-executivo de Relações Institucionais do Assaí, Paulo Pompilio; a professora doutora da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) e integrante da Superintendência de Gestão Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), Tamara Maria Gomes e o diretor da Coca-Cola, Eduardo Dias.

Segundo dados apresentados durante as discussões, a maioria dos resíduos orgânicos no brasil ainda é descartada de forma inadequada, misturada ao lixo comum e encaminhada a:

1) aterros sanitários (quando existem): mesmo sendo a forma mais correta de destinação, aterros recebem resíduos que poderiam ser reaproveitados;

2) lixões e aterros controlados: ainda são realidade em mais de 2.500 municípios brasileiros (segundo dados da Abrelpe/2023);

3) sem tratamento prévio: mais de 90% do lixo orgânico urbano não passa por nenhuma forma de tratamento ou reaproveitamento;

Em contraponto, a usina de produção de bioenergia e biofertilizantes com resíduos orgânicos, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP), é um projeto inovador que visa transformar resíduos orgânicos em energia e biofertilizantes, promovendo a sustentabilidade e a economia circular.

A motivação principal é reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado de resíduos e, simultaneamente, gerar energia limpa e “insumos verdes”, que possam ser utilizados na agricultura.

A proposta é a de replicação do modelo em todo o País. Com base nos resultados obtidos, a USP pode desenvolver diretrizes e modelos para replicar a usina em diversas localidades, adaptando o projeto às necessidades específicas de diferentes comunidades e regiões.

Destaques dos debates

“O setor produtivo tem feito sua parte e sua lição de casa. Um exemplo disso é que hoje nós temos 100% das garrafas pets de água mineral recicladas no Brasil. Além disso, a consciência ambiental e a capacidade tecnológica de reciclagem evoluíram muito no País. Fóruns, como esse que a ABRAS promove, mostra o que cada entidade tem realizado. Então, nós temos contribuído e queremos fazer mais, mas precisamos do auxílio de políticas públicas, em âmbito de governos estaduais e municípios, bem como de diálogo e de debates”, disse o presidente-executivo da Abir, Alexandre Horta.

“Após quinze anos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, tivemos muito avanços em muitas áreas, mas, infelizmente, muitas dessas políticas não avançaram como poderiam.  Por exemplo, nem metade dos municípios tem coleta seletiva. Há também a questão dos lixões. Fechá-los é um desafio histórico, especialmente em cidades com menos de 20 mil habitantes. Então, no papel, nós evoluímos muito com muitos planos e programas. Portanto, precisamos trabalhar para a implementação disso, bem como o consumo consciente e os princípios de circularidade. E tudo isso envolve o setor privado e os próprios consumidores”, afirmou o secretário nacional do Meio Ambiente, Adalberto Maluf.

“Hoje, 50% de todo lixo produzido é orgânico. Um cidadão produz 70 quilos de lixo orgânico por ano e isso acaba indo para aterros e até lixões. A composição leva à emissão de metano que tem impacto muito maior para a atmosfera do que o gás carbônico. A alternativa é a implantação de biodigestores, que têm capacidade para tratar de 20 a 25 toneladas de resíduos orgânicos, o equivalente ao que é gerado por municípios de 50 mil habitantes. Ou seja, a faixa que, muitas vezes, ainda tem lixões.  O modelo que temos na cidade universitária da USP, em São Paulo, produz biogás metano a partir desses resíduos orgânicos. Nesse processo, ocorre a cogeração de energia que pode ser usada tanto para a rede como aproveitada fonte térmica para todo o sistema. A compressão do biogás, por sua vez, gera o BioGNV. Ao fim de tudo isso, o resíduo, que é tratado e estabilizado, tem potência agronômica como biofertilizante por ser muito rico em nitrogênio, fósforo e potássio. Isso já tem sido utilizado, em fase de testes, em hidroponia com hortaliças e com cana-de-açúcar. Outro benefício é o sequestro de carbono ao longo de todo o processo”, disse a professora doutora da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) e integrante da Superintendência de Gestão Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), Tamara Maria Gomes.

“Economia circular só é circular, quando gera renda e envolve a questão social. Por isso, acho importante a gente começar a pensar e juntar esforços para que os catadores possam gerar seu próprio ‘business’ por meio da atividade que desenvolvem, isto é, se tornem empresários. Outro ponto muito importante é como podemos juntar esforços em prol da uniformização das regras envolvendo a Política Nacional de Resíduos Sólidos”, afirmou o diretor da Coca-Cola, Eduardo Dias.

“A gente não tinha uma solução tão clara e viável economicamente para resíduos sólidos. O varejo não tem muita margem para fazer investimentos necessários para gerar custo. Nosso desafio é fazer um ‘pool’ de empresas capaz de gerar duzentas toneladas dias de resíduo orgânico para tornar-se viável o biometano, que pode voltar para gente para carregar empilhadeiras, caminhões, etc.”, disse o primeiro vice-presidente da ABRAS e diretor-executivo de Relações Institucionais do Assaí, Paulo Pompilio.

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