* Antonio Carlos Ascar
Essas são as previsões feitas pela consultoria internacional CBRE, com sede em Los Angeles, em seu relatório “2019 Food in Demand”. Nele ela faz onze previsões para o setor supermercadista americano para a próxima década. Há uma antiga afirmativa que diz que “tudo o que é bom para os americanos é bom para os brasileiros”. Em sendo verdade, acho bom ficarmos de olho nessas previsões. Veja o que serve para sua empresa e vá pensando, repensando e planejando suas ações
A análise observou que, enquanto os varejistas de supermercados estão se esforçando para se adaptar às mudanças das preferências dos consumidores, com novos formatos de lojas, automação e demanda por serviços de entrega, os investidores imobiliários parecem querer manter o supermercado como ancora de shopping centers, por exemplo, devido ao constante crescimento de suas vendas e à pouca penetração do comércio eletrônico neles comparada a penetração em outras categorias de varejo.
“A loja física continuará a existir e a ser o centro de vendas de alimentos, mas seu formato e função serão reformulados por vários fatores nos próximos anos”, de acordo com Melina Cordero, chefe global de pesquisa de varejo da CBRE. “Os operadores de supermercado devem diversificar sua oferta para competir melhor, o que levará a formatos variados de lojas para diferentes mercados, sortimentos não tradicionais e um foco ainda maior na conveniência do cliente”.
Nelas, os formatos pequenos parecem que hoje, têm muito mais a oferecer. As lojas só precisam entrar nesta nova era moderna do varejo.
O Amazon Go apresenta seu formato “Just Walking Out”
1. Na próxima década, a fila de caixas no supermercado desaparecerá.
As inovações tecnológicas, em dez anos, substituirão a tradicional linha de caixas. Os avanços tecnológicos incluem, em carrinhos com scanners de código de barras e swipers de cartão de crédito, aplicativos de pagamento
pagamento móvel, sensores e câmeras de peso e robôs de varredura de mercadorias. A CBRE acrescentou que o rastreamento de inventário ocorrerá nas prateleiras, e o espaço dos checkouts liberados pode ser usado para outras funções como coleta de compras.
Assim sem o escaneamento nas caixas os clientes compram e pagam sem aguardar em uma fila de caixa. Empresas estão usando essa tecnologia para rastrear compras usando câmeras aéreas que acompanham os clientes em toda a loja e sensores inteligentes de prateleiras que rastreiam quando os itens são selecionados ou recolocados nas prateleiras.
Muitas mercearias estão concentrando na calçada a coleta das mercadorias compradas.
2. Vendas online, nos supermercados chegarão de 5% a no máximo 10% até 2022 – alterando, mas não substituindo, as lojas físicas.
Embora a fatia de mercado das compras on-line cresça nos próximos cinco anos, os custos e os desafios operacionais da logística de alimentos a manterão bem menor que as vendas online da maioria das outras categorias de varejo, de acordo com a CBRE. As lojas físicas permanecerão importantes para as vendas e os lucros, mas o layout, o design, os produtos e os serviços das lojas mudarão à medida que as estratégias omnichannel forem implementadas.
3. O crescimento do comércio eletrônico diferirá entre locais urbanos, suburbanos e rurais.
Enquanto os varejistas lidam com seus problemas físicos, os custos de entrega das vendas online permanecem como o principal obstáculo para a expansão desse mercado, apontou a CBRE. “Os supermercados vêm experimentando diferentes modelos de logística para crescer on-line”, afirma o relatório. “O modelo ideal para compras on-line provavelmente variará de acordo com a localização da loja. Devem surgir experiências e parcerias adicionais para resolver essa logística.
4. As principais redes crescerão mais com supermercados focados em conveniência.
Os maiores players do setor vêm um forte potencial de crescimento na operação de lojas menores em áreas urbanas e densas com foco em oferecer como refeições preparadas. Os exemplos citados no relatório incluem o Express Mart da Kroger, o Fast & Fresh da Hy-Vee, o GreenWise Market da Publix, o Giant Heirloom da Ahold Delhaize USA, o Lidl Express da Lidl e o Sam’s Now do Sam’s Club.
Lojas pequenas como o GreenWise Market da Publix estão atraindo mais o interesse dos compradores.
As redes percebem que perderão vendas para outros players se não se concentrarem na conveniência e na boa experiência do cliente, particularmente diminuindo seu tempo de permanência na loja.
5. As vendas no varejo de supermercado crescerão firmes nos próximos cinco anos.
O relatório informa que as vendas dos supermercados em todos os seus formatos, de supermercados convencionais a clubes de compra, totalizaram US $ 743 bilhões em 2018, um aumento de 3,5% contra 5% no varejo em geral. “Embora o crescimento das vendas de supermercado raramente exceda o crescimento geral do varejo, quase nunca diminui”, observou a CBRE. “Reforçando essa estabilidade, a baixa penetração do comércio eletrônico na alimentação manteve a maior parte do crescimento nas lojas físicas e manteve as margens de lucro que foram reduzidas em muitos segmentos de produtos leves”.
6. Formatos não tradicionais e os especiais terão o maior crescimento do mercado.
Os supermercados ainda detêm a maior parcela dos gastos com alimentos e bebidas, mas outros formatos estão crescendo rapidamente – principalmente, nos Estados Unidos, os supercenters, que aumentaram a participação no mercado de 7% em 1997 para 22% em 2017, enquanto os supermercados convencionais viram sua participação diminuir de 71 % a 58% nesse período. Os clubes atacadistas os grandes discounters como Aldi e Lidl e os supermercados especializados como Trader Joe’s, todos aumentaram o calor da competição com preços atraentes e fortes marcas próprias.
7. As redes irão reinvestir fortemente nas suas lojas.
As grandes operadoras de supermercados anunciaram planos amplos de remodelação e reformulação de parte de suas lojas nos EUA para afastar toda a concorrência tradicional ou não. O relatório disse que alguns desses investimentos destinadas a melhorar a tecnologia nas lojas e os serviços omnichannel.
8. A concentração deve continuar à medida que a escala e investimentos se tornarem mais importantes para o crescimento.
Durante os próximos cinco anos, a pressão por preços competitivos, o crescimento da concorrência e do comércio eletrônico exigirão que os varejistas realizem investimentos significativos. “Aqueles com caixa para investir e com escala física para atingir milhões de famílias de maneira eficiente têm uma vantagem distinta”, de acordo com a CBRE. “Como tal, espera-se que as grandes redes continuem adquirindo as redes menores e regionais”.
O Kroger está entre os varejistas que implantam uma conveniente tecnologia de pagamento.
9. As refeições preparadas ganharão mais espaço.
As preferências do consumidor estão tendendo para produtos heat-and-eat (esquente e coma) pela facilidade de preparar. “Uma forte evolução em direção a refeições preparadas – onde o cliente simplesmente reaquece a refeição – pode ser mais lucrativa, pois atende à crescente demanda dos consumidores por conveniência, provoca perda de participação no mercado de alimentos e bebidas em restaurantes e proporciona margens mais altas”, afirma o relatório.
10. Agregar outros negócios, junto a loja a ajudará a crescer
Para compensar os custos de entrega, os varejistas adicionarão produtos e serviços com margens mais altas. Enquanto muitos já adicionaram a loja refeições pré-preparadas e restaurantes, eles também estão pensando em como agregar um outro negócio a loja.
“Parcerias com uma marca fortes de academia, alguma marca voltada para a saúde e estilo de vida apresentam oportunidades particularmente boas para o supermercado”.
11. Os negócios de Vendas diretas ao consumidor é uma ameaça marginal
O relatório observou que, em alguns casos, as empresas de bens de consumo embalados (CPG) podem oferecer preços 30% mais baixos do que nos supermercados, além da comodidade da venda on-line. Se eles continuarem a investir nessas vendas diretas ao consumidor, os supermercados precisam enfrentar o problema da perda de vendas com ações concentradas em serviço e uma boa experiência na loja.
*Antonio Carlos Ascar é estudioso das tendências mundiais do varejo de autosserviço. Graduado e pós-graduado em Administração de Empresas pela FGV (SP), e especialização em Empreendedorismo pela Babson College de Boston (EUA). É autor do livro Glossário Ascar de Termos Supermercadistas e do livro Distribuindo as Camisas, (à venda no site www.mercadolivre.com.br). Por 31 anos foi diretor executivo do Grupo Pão de Açúcar, implantou diversos formatos de loja como: Extra, Minibox, Superbox, Peg Faça, Express, entre outros. Atualmente é consultor e sócio diretor da Ascar & Associados, empresa de consultoria que atua na prestação de serviços a redes supermercadistas. Ascar é também palestrante internacional, consultor de varejo da Abras e articulista da revista SuperHiper, publicação da Abras. www.ascarassociados.com.br.
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