Em entrevista ao canal Times Brasil, realizada na última terça-feira, 14, o presidente do Roldão Atacadista, Ricardo Roldão, falou sobre o comportamento do consumidor, que segue cada vez mais exigente, a competição entre as redes atacadistas e supermercadistas e a implantação de novas tecnologias no varejo alimentar. De acordo com o executivo, o futuro do setor passa muito pela inserção da Inteligência Artificial nos processos das empresas, o que, consequentemente, refletirá na melhor experiência do cliente. Hoje, com 42 unidades instaladas no estado de São Paulo, a empresa pretende inaugurar outras três lojas no decorrer de 2025.
Multicanalidade
Questionado sobre a estratégia de integração dos canais de venda, a chamada Omnicanalidade, e como o cliente vêm exercendo a sua experiência de compra, Ricardo falou que “o consumidor vem mudando ao longo do tempo e essa questão dos canais de atacado e de varejo alimentar no Brasil mudou bastante. Hoje a tecnologia vem impactando esse consumidor, porque muitos desses consumidores vêm buscando a compra pelo e-commerce, a compra física e eu acho que hoje a solução que a gente percebe nesse mundo tão tecnológico é tanto você trabalhar bem o canal físico, quanto o digital”.
Competição
Sobre a competição entre Supermercadista e Atacadista, o presidente do Roldão avalia que ela já foi mais acirrada e a situação atual é extremamente positiva para o consumidor. “O canal de atacarejo já foi muito mais competitivo. Quando você analisa dados do mercado, onde a competitividade base 100, o Atacado chegou a ser 88. Hoje, numa média Brasil, ela está em torno de 94. Ou seja, ela é 6% só mais barato do que o supermercado tradicional. Então, a competição ela vem realmente acontecendo, não só entre os Atacados de Autosserviço, mas também com os supermercados. Essa competição aumentou e a diferença de preços se reduziu um pouco. Mas os diferenciais que nós estamos observando hoje é que, no começo da década de 2000, quando a gente iniciou o Roldão Atacadista, eu brinco, que todo supermercadista queria ser um atacarejista e hoje, todo atacarejista quer ser um Supermercadista, porque incluiu categorias como açougue, padaria, adega, FLV, que era algo específico dos supermercados, então a competição está ficando muito acirrada e está acontecendo uma mistura dos canais. Daqui a pouco não será possível saber mais o que é o supermercado e um atacado e hoje, a base de preço, está muito próxima”.
Similaridades das redes
Outro ponto apontado por Ricardo Roldão, em tom crítico, é a questão da similaridade no modelo de negócio das redes supermercadistas e atacadistas. “Eu sou um pouco crítico das similaridades entre supermercados e atacadistas. Estamos chamando de gourmetização dos atacarejos e eu sou um pouco contra isso, sou bastante resistente na empresa em relação a isso, mas nós temos que olhar muito o que o consumidor quer. Eu acho que, em algumas redes, o consumidor entra e não identifica mais que aquilo é um atacado puro, porque tem alguns operadores hoje no Brasil que colocam peixaria, flores, rotisseria, e isso é algo tradicional do hiper e supermercado tradicional”.
Tecnologia
Para o executivo, a utilização cada vez mais forte de novas tecnologias será um dos grandes diferenciais no varejo alimentar, nos próximos anos. “A nossa preocupação com novas tecnologias é muito grande. Eu acho que várias redes vêm buscando, principalmente a Inteligência Artificial, porque para você melhorar processos e ser mais eficiente, deverá fazer uso de novas tecnologias. Na logística, por exemplo, onde você tem sistemas de IA hoje que ajuda no agendamento do fornecedor. Isso melhora imensamente essa questão, além da ruptura, do abastecimento e na reposição de mercadoria de forma automática, onde você dependerá muito menos do processo de um gestor, de um abastecedor”.