Por Giseli Cabrini
Antever tendências sobre o comportamento do consumidor tem sido cada vez mais estratégico para marcas e negócios. Mas, afinal, o que são elas e como interpretá-las? Para a WGSN, trata-se de analisar movimentos que já existem e que chegarão ao “mainstream”, ou seja, comportamentos que estarão em vigor nos próximos dois ou três anos. Para que os tomadores de decisão saibam antes o que vem por aí, a consultoria elaborou o estudo “Consumidor do futuro 2026”.
No material, foram mapeados os perfis principais de consumidores dos próximos anos: imparciais, autônomos, esperançosos e sinérgicos, bem como as emoções que os moverão e que são, respectivamente: angústia moral, otimismo racional, anseio e “microalegrias”.
Na avaliação da consultoria, essas emoções serão os principais catalisadores do público. E entender esse cenário traz novas oportunidades de fidelização e engajamento para as marcas e as empresas, de modo geral.
Contudo, a líder de Negócios e Operações Mindset da WGSN na América Latina, Priscilla Seripieri, faz algumas ponderações. Para ela, esses movimentos são de evolução e não de revolução das preferências dos consumidores. E que para toda tendência existe um movimento contrário, de resistência.
Além disso, existem questões conjunturais que afetam diretamente as preferências dos clientes, como as macroeconômicas. Por exemplo, embora 28% dos brasileiros, que recebem até um salário-mínimo, estejam dispostos a pagar mais por produtos orgânicos, 47% concordam que o aumento do custo de vida é um empecilho ao consumo sustentável.
Isso sem contar que o Brasil ainda é um país com grandes desigualdades. De um lado, ainda sofre com a fome e a insegurança alimentar. De outro, possui pessoas mais abastadas que têm retomado hábitos adotados durante a crise econômica de 2008, com foco em serviços e memórias.
O otimismo racional deve prevalecer sobre o pessimismo, mas sem traços da chamada positividade tóxica. Isto é, os consumidores tendem a valorizar as chamadas “pequenas alegrias”, como desfrutar de uma xícara de café, apreciar uma paisagem ou brincar com seus filhos e “pets”, enquanto trabalham ou realizam seus afazeres. Trata-se de um contraponto à “fadiga de convencimento”, ou seja, a falta de disposição para tentar convencer outra pessoa sobre algo, mesmo quando se tem bons argumentos. Uma postura que tem ligação com a crescente polarização política. Esses momentos também são alternativas ao excesso do uso de tecnologia como forma de desconexão. E funcionam como uma espécie de antídoto aos gatilhos que despertam sensações negativas.
Valorizar o passado e tudo aquilo que é familiar também compõem as tendências. É esperado que as pessoas questionem o conceito de “crononormatividade”, a pressão por agir conforme o que é esperado de cada idade. Dessa forma, a nostalgia está em “alta”, o que reforça o apelo de itens que remetam aos anos 1980, 1990 e 2000. E marcas menores e nacionais também têm ampliado seus espaços nas preferências dos brasileiros por estarem mais próximas.
Feitas essas considerações, confira, a seguir, os perfis principais dos consumidores que virão:
A fim de atender a essas novas demandas, fique atento a estes seis pontos:
1 – A inteligência artificial (IA) tem o potencial de transforma o mundo para melhor, mas também pode ser usada como um veículo de desinformação em massa. Quais são as regras de uso de IA da sua empresa? Como você pode usar essa tecnologia para impulsionar seu negócio e aplacar as ansiedades do público consumidor?
2 – Oferecer “micromomentos” de alegria e celebrar pequenas conquistas será fundamental. Como sua marca pode incluir a felicidade na estratégia de negócios e ajudar os consumidores a celebrar suas vitórias, sejam elas grandes ou pequenas?
3 – De anúncios de drones a calçadas com tecnologia de venda, o que sua marca está fazendo para garantir que suas ativações saiam das telas e marquem presença no mundo físico?
4 – Com os ciclos de tendências se tornando cada vez mais rápidos, os consumidores passarão a priorizar a qualidade e a lentidão. Como você pode suprir essa demanda com produtos e serviços que promovam hábitos de consumo mais saudáveis e sustentáveis?
5 – Os consumidores irão buscar conexões mais profundas em 2026, o que irá aumentar a importância dos espaços de convivência físicos. Como sua marca pode oferecer mais oportunidades de socialização e usá-las para estimular a descoberta de novos produtos e a conversão de forma orgânica?
6 – Com a desigualdade social se aprofundando em âmbito global, as empresas que se comprometerem com a luta pela igualdade irão aumentar a fidelidade e a consciência de marca. Qual é a sua estratégia para criar um mundo mais igualitário em 2026?
Os dados, que fazem parte do estudo “Consumidor do futuro 2026”, foram divulgados por Priscilla, da WGSN, durante o evento “A Jornada do Futuro… Começa Agora”, promovido pelo Instituto Mulheres do Varejo, realizado em São Paulo, em 7 de abril.