O Brasil está entre os maiores produtores de ovos do mundo e, de acordo com o ranking feito pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), ocupa o 5º lugar no ranking mundial, com mais de 52 bilhões de unidades produzidas. Impulsionado pelo alto consumo dos brasileiros, é possível ver um aumento expressivo na produção nacional de ovos nos últimos dez anos.
Diante desse cenário, um aspecto muito importante também vem chamando atenção do setor. Atualmente, aproximadamente 200 empresas dos setores alimentício e de hotelaria assumiram o compromisso de utilizar ou comercializar ovos apenas de criação livres de gaiolas até 2028 ou antes. Entre tais empresas, é evidente a importância dos supermercadistas, que, por meio do alcance de público de suas lojas físicas e e-commerce’s, possuem relevância para efetuar e incentivar a venda de ovos livres de gaiola
Isso é o que destaca a primeira edição do “Observatório do Ovo”, relatório feito pela Alianima, organização sem fins lucrativos dedicada a promover melhorias de bem-estar animal nas cadeias produtivas. O relatório tem o objetivo central de monitorar e divulgar o cumprimento dos compromissos públicos em bem-estar animal assumidos por supermercadistas brasileiros. Segundo o estudo, 47% dos varejistas comprometidos estão reportando publicamente a sua evolução quanto à transição para ovos cage-free, avançando rumo às práticas alimentares mais sustentáveis.
“Mesmo diante de desafios, algumas redes se mostram transparentes e possuem iniciativas para solucionar os problemas”, comenta a diretora técnica da Alianima, Patrycia Sato. Ela ainda afirma que, segundo os participantes da pesquisa, alguns fatores impactam no processo de transição, como a falta de conhecimento pelos consumidores e custos mais elevados do produto.
Mas, de acordo com alguns supermercadistas respondentes, também há impactos positivos da transição para ovos livres de gaiola, como a melhora na condição de vida das aves, a percepção positiva pelo consumidor e melhoria nos índices ESG.
Em depoimento para o Observatório do Ovo, o vice-presidente de Relações Institucionais e Administrativo da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), Marcio Milan, comentou sobre a importância do engajamento dos varejistas/atacadistas nas questões de sustentabilidade e bem-estar animal. “Nossa atuação, enquanto varejistas, tem sido pautada na transparência, na comunicação consciente e no engajamento do consumidor cada vez mais atento à origem dos produtos que entram na sua cesta de abastecimento”.
Milan ainda ressalta que esse engajamento advém da preocupação com a sustentabilidade, com a destinação correta dos resíduos, com o bem-estar animal e, o varejo está cada vez mais atento a uma atuação efetiva e conjunta dos elos da cadeia de valor para aperfeiçoar práticas de manejo, incentivar o cumprimento de metas estabelecidas na legislação, bem como de acordo voluntário e compromisso social firmados pelos fornecedores.
O vice-presidente de Relações Institucionais e Administrativo da ABRAS também reforçou a importância da Associação no diálogo com diferentes atores: “por meio da nossa relação com milhares de fornecedores, produtores, indústria, empresas de distribuição e de serviços, é possível promover um consumo mais consciente, dar visibilidade a fornecedores comprometidos com o bem-estar animal, ambiental e social e levar ao ponto de venda informações que contribuem para a tomada de decisão do consumidor, pois sabemos da efetividade da comunicação no varejo para engajar os consumidores, incentivar novos hábitos e atender às suas demandas”.
“Mesmo que a maioria das empresas ainda não forneça dados claros sobre suas metas e progressos, um número substancial de supermercadistas está fazendo a diferença”, afirma Patrycia Sato. O Carrefour e o GPA, que são os maiores no país, têm demonstrado um trabalho proativo na implementação de suas metas e na comunicação de seus desafios e soluções.
Clique aqui para acessar o relatório completo “Observatório do Ovo”.
Sobre a Alianima
A Alianima é uma organização de proteção animal sem fins lucrativos, que trabalha em estreita colaboração com líderes da indústria alimentícia para identificar e abordar os principais desafios enfrentados pela cadeia de produção animal. A organização oferece parcerias, consultorias e suporte técnico gratuito às empresas comprometidas em melhorar as condições de vida dos animais, auxiliando na implementação de práticas sustentáveis e de bem-estar animal. Com uma equipe especializada, fundamenta todas as suas ações e materiais em dados técnico científicos, com o objetivo de fomentar uma indústria mais atenta e preocupada com o sofrimento animal e um consumidor mais informado sobre a origem de seus alimentos.