Por Giseli Cabrini
Há pouco mais de um ano, a rede gaúcha Asun enfrentava um dos cenários mais adversos de sua história. O grupo foi um dos mais afetados pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. Além de quatro lojas alagadas, outra foi totalmente saqueada. Porém, a reação veio rápido. Por meio de medidas internas, a empresa, de forma célere, iniciou um processo de retomada, apoiado por recursos liberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), especialmente em virtude da intempérie. Atualmente, a companhia vive um novo horizonte pautado por expansão e fortalecimento, especialmente de sua operação no formato supermercado.
No momento, o Asun possui 34 lojas de varejo e 6 atacarejos. Neste último ano, foram inauguradas duas lojas no varejo, e está sendo realizada a reforma da unidade de Cidreira (RS), que será a maior do município nesse formato.
Embora o atacarejo represente uma frente complementar e estratégica dentro do portfólio do grupo, é no varejo que a companhia consegue gerar maior valor agregado, com uma proposta de atendimento mais personalizada, mix ajustado por praça e ações promocionais voltadas à fidelização.
Outra frente que sustenta essa nova fase da rede é a aposta contínua em inovação. “Inovar, para nós, é garantir competitividade sustentável sem abrir mão da proximidade com o cliente”, afirma o Chief Financial Officer (CFO) do Asun Supermercados, Valdecir Pressi.
Confira, a seguir, entrevista exclusiva do CFO do Asun à SuperHiper.
A rede Asun recebeu apoio do BNDES voltado ao processo de retomada das operações em comunidades afetadas pelas enchentes de 2024. De que forma esses recursos foram utilizados?
Por meio do programa BNDES Emergencial voltado ao Rio Grande do Sul, a instituição mobilizou linhas de crédito, garantias e suspensão de pagamentos em regiões afetadas pelas enchentes de abril e maio de 2024.
Esse apoio ocorreu em 2024, quando utilizamos financiamentos para investimento e aquisição de máquinas e equipamentos que foram danificados pelas enchentes em nossas cinco lojas.
Na época das enchentes, o grupo tinha 39 operações no estado, correto? Desse total, cinco foram as mais afetadas. Como foi o processo de retomada?
O processo de recuperação foi conduzido com prioridade máxima e envolveu ações coordenadas em diversas frentes: avaliação técnica dos danos, reestruturação física das lojas, recomposição de estoques, apoio logístico e suporte às equipes das lojas. Graças ao comprometimento de nossas equipes e à eficiência do nosso modelo operacional, todas as lojas afetadas foram reabertas rapidamente.
Quais lições foram aprendidas? Algo que foi adotado naquele momento ainda continua de pé?
As enchentes de 2024 representaram um desafio sem precedentes para toda a cadeia de suprimentos e operação das nossas unidades. Entre as principais lições aprendidas, destacamos a importância da agilidade na tomada de decisão, da preparação para cenários adversos e da solidez na gestão de crise. Além disso, consolidamos a cultura de cooperação entre áreas.
Quais são os planos para 2025? Quantas lojas já foram inauguradas e quantas ainda vão ser abertas? Qual o total de lojas atualmente nos formatos varejo e atacarejo?
Hoje, temos 34 lojas de varejo e 6 atacarejos. Neste último ano, inauguramos duas lojas no varejo e, estamos reformando a loja de Cidreira, que será a maior do município.
O grupo tem um braço de atacarejo, mas o foco ainda continua a se debruçar sobre o varejo, ou seja, supermercados? Por quê?
Sim, o grupo mantém o foco predominante no varejo, com ênfase no modelo de supermercados, porque essa é a nossa principal área de expertise. Temos mais de seis décadas de atuação nesse segmento, o que nos proporcionou um profundo conhecimento do comportamento do consumidor, das dinâmicas regionais e das operações de loja com foco em experiência, conveniência e relacionamento próximo com o cliente. Embora o atacarejo represente uma frente complementar e estratégica dentro do nosso portfólio, é no varejo que conseguimos gerar maior valor agregado, com uma proposta de atendimento mais personalizada, mix ajustado por praça e ações promocionais voltadas à fidelização. É por isso que a maior parte das nossas unidades está concentrada nesse formato, no qual conseguimos operar com eficiência, consistência e reconhecimento de marca.
Em termos de inovação, quais são as apostas do Asun?
Nossa principal aposta está na digitalização dos processos e na modernização das lojas, com foco em conveniência, agilidade e personalização. No ponto de venda, estamos investindo na ampliação de tecnologias, como self-checkout, monitoramento inteligente de estoques, além da reformulação do layout das unidades para favorecer o fluxo de compra e a integração com serviços complementares. No relacionamento com o cliente, o Clube Asun tem evoluído como uma plataforma de fidelização baseada em dados, possibilitando ações de marketing segmentadas e promoções personalizadas. Do lado interno, fortalecemos programas de formação de líderes. Além disso, seguimos atentos às tendências do varejo alimentar, com análises permanentes de comportamento de consumo, novas soluções logísticas e oportunidades de integração com canais digitais. Inovar, para nós, é garantir competitividade sustentável sem abrir mão da proximidade com o cliente.
O Asun atua numa região com uma concorrência bastante acirrada. Quais são as formas de diferenciação frente à concorrência?
Nossas lojas se destacam especialmente pelos serviços oferecidos em padaria, açougue e fiambreria, que procuramos executar com qualidade, variedade e atendimento personalizado. Essas áreas têm profissionais treinados, produtos frescos e atendimento próximo. A forte identidade regional da marca, construída ao longo de mais de 60 anos, nos permite manter um relacionamento próximo com as comunidades onde atuamos, compreendendo seus hábitos de consumo e oferecendo soluções que fazem sentido para cada praça. É essa combinação de serviço, proximidade e qualidade que nos diferencia e fortalece a preferência do cliente, mesmo em um ambiente de forte concorrência.