Como ficam as tendências do consumidor nesse período em que há uma profusão de atacarejos e clientes atrás de ofertas
Com a retomada da economia, a inflação em desaceleração e o emprego se recuperando, o setor supermercadista mineiro projeta crescimento médio de 3,20% em 2022, o que poderá até ser revisto para cima, já que a demanda fechou o primeiro semestre em 7,8%, segundo pesquisa da.
Mesmo com esse cenário econômico positivo, porém, merece atenção o endividamento das famílias. O orçamento da maior parte da população vem melhorando, com mais emprego e renda, mas não há dinheiro sobrando.
Nesse contexto, o setor supermercadista está de olho no comportamento do consumidor. E este continua no seu papel de pesquisar bastante antes de comprar. Consumidor quer preço e experiência positiva O preço continuará sendo um grande fator na decisão de compra. As famílias procuram ofertas, e, portanto, a fidelidade a marcas e lojas será baixa, e o consumo continua, predominantemente, de itens básicos. Mas as pessoas querem também conveniência, experiências positivas, segurança e proximidade.
Tendências de consumo começam a tomar forma. Os consumidores estão mais exigentes, querem mais saúde e bem-estar, querem ter prazer na experiência de compra e estão usando mais as tecnologias móveis para as compras.
E-commerce e loja física
Aqui é necessário abrir um parêntese: houve uma adesão muito grande das empresas ao canal e-commerce durante o pico da pandemia, isto é, em 2020. Segundo o (Abras), 36% das empresas do setor têm presença no comércio eletrônico, e 64%, não. Das empresas que trabalham com vendas online, 73% atuam com e-commerce próprio (site), e as demais em canais como marketplace, app de delivery e outros.
Muitas empresas que não tinham atuação digital passaram a operar nesse formato para não deixar de atender um consumidor que naquele momento precisou muito dos serviços da loja.
No entanto, em meio às tendências de consumo e mudanças constantes no varejo supermercadista, há um formato que se mantém soberano: a loja física. Já até virou um clichê, nos eventos, debates e mesmo nas conversas informais sobre o setor, que “a loja física sempre terá seu espaço”.
O consumidor gosta, sim, de novidades, de tecnologias, do conforto de receber os produtos sem sair de casa, mas há também uma parcela muito grande de clientes que não abre mão do frescor, do cheiro do produto e do contato com as pessoas na loja. Aqui fica um alerta: o treinamento dos colaboradores tem de ser uma constante. O bom atendimento é um dos grandes diferenciais da loja física, embora não seja dispensado no digital.
Tendência do atacarejo
Outras tendências são: o atacarejo continuará atrativo pela competitividade em preço; as lojas de vizinhanças se tornarão ainda mais buscadas pelo mix diferenciado, proximidade e serviços; as lojas gourmet manterão seu público fiel, notadamente aquele das classes A/B. Já os hipermercados continuam como opção, especialmente para o consumidor que, além de alimentos, busca itens diversos para a casa, como bazar, eletroeletrônicos etc. É preciso atenção também ao poder do modelo de proximidade ou express, pela conveniência e agilidade em pequenas compras e alimentos prontos.
Em 2021, de acordo com dados da Amis, a demanda no setor supermercadista mineiro cresceu 3,10% e movimentou R$ 63,39 bilhões. Os investimentos chegaram a R$ 1,04 bilhão. Foram abertas 106 lojas em Minas Gerais, e 10.714 novos empregos foram gerados nesses empreendimentos. O setor fechou o ano com 358.714 empregados em 10.664 unidades. Os novos pontos de vendas foram distribuídos em: supermercado de vizinhança (51%), atacarejo (38%), express (4%), gourmet (5%), hipermercado e autônomos (ambos com 1%).
Investimentos e geração de empregos
Para 2022, as projeções de crescimento feitas no início do ano, ainda num cenário incerto, são de R$ 850 milhões em investimentos, em 85 novas lojas, e a geração de 9.350 novos empregos no Estado.
Portanto, o cenário é desafiante para os supermercados. Logo, para superar as barreiras e obter resultados sustentáveis, é preciso trabalhar o engajamento dos clientes, das equipes e parceiros de negócios e adotar propósitos claros e uma cultura corporativa efetiva. Alinhando princípios e valores, a empresa conquistará posição no mercado. A equipe proativa e bem-treinada é condição fundamental para aumentar a competitividade, efetividade e market share.
A gestão do negócio deve incluir outros aspectos, igualmente importantes: criatividade, determinação, qualidade, sustentabilidade, fidelização, relacionamento e execução.
No setor supermercadista, há espaço para todos, sim. Mas é preciso estar muito bem-preparado, afirma Claret Nametala, presidente executiva da Associação Mineira de Supermercados e do Grupo Nonna Field Marketing.
Fonte: O Tempo