Por Raquel Santos
A reforma tributária sobre o consumo, que entra em fase de implementação ainda em 2025, promete transformar de forma profunda a cadeia de abastecimento no Brasil. O tema foi debatido por especialistas nesta terça-feira, no Share of Life – ABRAS food retail´25, em um painel que reuniu Maria Isabel Ferreira, sócia-líder de Impostos Indiretos da KPMG Brasil; Bruna Lovisan do Prado, head fiscal da Johnson & Johnson Brasil; e Mariana Fabietti, diretora fiscal da Mondelez Brasil.
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Segundo Maria Isabel Ferreira, responsável pela apresentação do painel, os pilares da reforma são transparência fiscal, justiça tributária, simplificação, sustentabilidade e a criação de um modelo mais próximo ao IVA (Imposto sobre Valor Agregado), já adotado em diversos países. O sistema brasileiro, hoje reconhecido como o mais complexo do mundo em termos de tributação sobre consumo, será substituído pelo CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), apelidados de “gêmeos” por sua semelhança. Haverá ainda o imposto seletivo, apelidado de “imposto do pecado”, aplicado a itens prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas, cigarros e produtos açucarados.
Uma das mudanças mais sensíveis será a migração da tributação da origem para o destino, ou seja, o imposto passa a ser recolhido no local de consumo e não mais onde o produto foi produzido ou distribuído. Isso altera completamente a lógica de incentivos fiscais regionais e força as empresas a repensarem suas estratégias logísticas. “Essa mudança vai impactar diretamente contratos, preços e fluxo de caixa. Além disso, a devolução de tributos para famílias de baixa renda, por meio do cashback, trará aos supermercados um papel central nesse processo”, destacou Maria Isabel.