Por Renato Müller
O varejo vem sendo um dos setores mais visados por criminosos digitais, por contarem com grandes bases de dados de clientes e, na maioria dos casos, com sistemas tecnológicos antigos, com brechas de segurança que podem ser exploradas. Um caso ocorrido recentemente no Reino Unido mostra o quão dramático é esse problema – e o quanto as empresas ainda estão despreparadas.
A rede Marks & Spencer, uma das varejistas mais tradicionais do Reino Unido, sofreu um ataque no dia 22 de abril que paralisou suas vendas online e gerou problemas de abastecimento em suas lojas – especialmente nos produtos alimentares. A operação online foi retomada, ainda que de forma parcial, somente no dia 10 de junho – e a invasão dos sistemas reverteu uma trajetória de crescimento que a empresa vinha mantendo desde o ano passado.
Segundo dados da NielsenIQ publicados pelo jornal The Telegraph, as vendas da Marks & Spencer cresceram 0,8% no mês seguinte à invasão, na comparação com o mesmo período de 2024. Nos três meses anteriores à crise, a empresa havia tido um crescimento anual de vendas de 10%. O market share da empresa, que havia chegado a 3,8% no varejo alimentar britânico, caiu para 3,3% após o ataque.
Até agora, quase dois meses depois de ter seus sistemas invadidos, a Marks & Spencer não conseguiu restabelecer a venda online de vestuário e itens para casa. A varejista estima que a paralisação causará uma perda de até 300 milhões de libras esterlinas em vendas até o fim do ano. A empresa faturou quase 14 bilhões de libras no ano passado, 6,1% mais que em 2023 – somente as vendas de alimentos geraram 9 bilhões de libras, com 8,7% de crescimento.